Ranakpur

Ranakpur

No dia 26 de março, levantamos ainda em Jodhpur. Caminhamos mais um pouco na área do bazar principal e em toda a avenida que sai da Torre do Relógio, na parte da manhã, e saímos pelas dez horas, com o nosso motorista particular, para a próxima cidade do roteiro: Udaipur.

De Jodhpur a Udaipur são cerca de 260 km. Porém, mais ou menos a 60 km de Udaipur, há uma parada obrigatória em uma pequenina cidade chamada Ranakpur. Não há nada de muito especial na cidade em si e ninguém costuma se hospedar nela. O que há, na verdade, nas imediações dessa vila, é um dos maiores e mais belos templos da Índia.

Chegamos ao destino por volta de uma da tarde. Há uma miríade de ônibus de turistas, especialmente de franceses velhos com seus guias particulares!

O templo está em um lugar de peregrinação jainista e, de fato, há somente ônibus fretados por companhias de turismo, táxis ou carros particulares de turistas ou devotos que chegam à região; não há transporte público, o que pode dificultar um pouco as coisas para quem estiver viajando independentemente. No entanto, mesmo nessas condições, eu recomendo a visita; procurem um tuk-tuk, barganhem a corrida, mas não deixem de ir a Ranakpur. A cidade mesmo, como eu mencionei acima, não oferece nada e a ida a ela é somente para a visita ao templo e, assim, há que se estudar o transporte ida e volta no mesmo dia, levar algo para comer e calcular mais ou menos umas duas horas de passeio, um puro deleitamento de história e beleza. Há que se levar em conta que o templo está nas proximidades de Ranakpur, não no centro da cidade; não é tão perto e, então, há que se considerar a ida a Ranakpur e dali até o templo (e ainda o retorno) e, ademais, deve-se observar o horário da atração, já que a “janela” é pequena: o local abre tarde, ao meio-dia, e fecha às cinco da tarde.

Nós ficamos no templo exatamente duas horas, enquanto Anil, o motorista, nos esperava do lado de fora.

O Templo Chaumukha Mandir é o principal e maior santuário jainista na Índia. Para saber mais sobre o jainismo e a arquitetura de seus templos, acessem os posts sobre jainismo e sobre a cidade de Jaisalmer aqui mesmo no blog.

Construído nos séculos XIV e XV, durante três gerações, o templo é feito inteiramente em mármore branco; há quatro entradas, cada uma voltada para um dos quatro pontos cardeais. Ocupando uma área de 60 por 62 metros, a construção ergue-se imponentemente na encosta de uma colina e é possível ver de longe suas 144 mini torres. Dentro, há exatamente 1.444 colunas, espalhadas magnificentemente por toda a extensão da planta, em três andares. O estado de conservação das colunas e das esculturas, assim como a limpeza do local, é ótimo e o templo funciona plenamente desde a sua inauguração, há mais de 500 anos.

templo jainista em Ranakpur

templo jainista em Ranakpur

entrada

entrada

mini torres

mini torres

As concepções arquitetônicas dos templos jainistas espelham os princípios da fé: há sempre um despojamento nas formas externas, paredes mais lisas, sem muitos elementos decorativos, indicando que a vida exterior deve ser simples e desapegada. Por dentro, uma riqueza de detalhes ilustra que a vida interior deve ser rica e copiosa, abundante em espiritualidade, valores e fé.

O Templo Jainista de Ranakpur, com suas 1.444 colunas internas, exibe exatamente esse conceito (não podemos ser vazios por dentro). Cada um dos pilares é esculpido no mármore branco, com esmero de detalhes, como se fossem rendas trabalhadas; não há absolutamente nenhuma pilastra, entre as 1.444, que se repita nos entalhes e esculturas; são todas diferentes umas das outras, demonstrando que cada pessoa também é, dentro de si, uma profusão de sentimentos, ideias e concepções. Dentro da perfeição das colunas do templo, há apenas uma pilastra torta. A explicação é que seria um erro proposital, como uma espécie de alerta de que nem tudo seria perfeito na vida, mas a busca pela elevação espiritual não deve se ater às dificuldades e nunca se render aos obstáculos.

templo jainista em Ranakpur

templo jainista em Ranakpur

templo jainista em Ranakpur

templo jainista em Ranakpur

templo jainista em Ranakpur

templo jainista em Ranakpur

templo jainista em Ranakpur

templo jainista em Ranakpur

templo jainista em Ranakpur

templo jainista em Ranakpur

templo jainista em Ranakpur

templo jainista em Ranakpur

templo jainista em Ranakpur

templo jainista em Ranakpur

templo jainista em Ranakpur

templo jainista em Ranakpur

templo jainista em Ranakpur

templo jainista em Ranakpur

As quatro entradas do templo, uma em cada lado, também mostram padrões visivelmente distintos e todas as estátuas do templo estão de frente umas para as outras. Porém, apesar de manter padrões diferentes para cada entrada, o templo tem exatamente as mesmas medidas de todos os lados, tendo, portanto, uma planta quadrangular, configuração comum em grandes templos jainistas. Na verdade, o nome Chaumukha Mandir quer dizer exatamente “o templo de quatro faces”. O nome do fundo que administra o templo é Anandji kalyanji Trust e é ele que está em todas as placas espalhadas pelo complexo.

templo jainista em Ranakpur (reprodução de foto da Internet)

templo jainista em Ranakpur (reprodução de foto da Internet)

templo jainista em Ranakpur (reprodução de foto da Internet)

templo jainista em Ranakpur (reprodução de foto da Internet)

Todas as cúpulas e domos são divinos e exibem um trabalho magnífico, que conta as histórias das vidas dos profetas. Há ainda um sino gigantesco de 108 quilos.

detalhes - figuras de animais

detalhes – figuras de animais

detalhes

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domos

domos

domos

domos

domos

domos

templo

templo

detalhes

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templo

templo

templo

templo

A visita ao interior do templo é realizada sem calçados, no máximo, de meias. Devemos deixar os sapatos em um guarda volumes na entrada (assim como alimentos, bebidas e qualquer item feito de couro). É possível levar a máquina e tirar fotografias, com exceção do altar principal, ao qual os turistas não tem acesso, em absoluto. É possível vê-lo, mas é proibido ultrapassar as cordas que o delimitam e tirar fotos. Seguranças estão sempre presentes na área apenas para se certificar que não há ninguém apontando a câmera em direção ao altar. Isso é considerada muita falta de respeito. Não se pode também tocar nos entalhes das colunas ou em qualquer estátua e deve-se manter silêncio e reverência no interior do local. Quanto às roupas, decotes, bermudas ou saias curtas são terminantemente proibidos, e há vestimentas apropriadas disponíveis aos turistas distraídos na recepção, mas a regra mais curiosa é que, como em qualquer templo jainista, há o veto a mulheres menstruadas.

Não se paga para entrar no templo, mas existe uma taxa para a entrada da máquina, que é de 100 rúpias (se houver a vontade de ir ao banheiro, o turista também tem que desembolsar 10 rúpias).

Houve uma tentativa dos jainistas de tornar o templo acessível apenas a quem segue a religião, porque o grande fluxo e barulho de turistas estavam atrapalhando a prece dos fiéis. O pedido foi negado pelo governo indiano, mas a solução encontrada foi que a visita só pudesse ser realizada com áudio-guia. Ou seja, não há guias dando explicações lá dentro ou grupos enormes de turistas se amontoando para ver algum determinado detalhe. Como cada um começa o áudio-guia em um momento diferente, os visitantes se espalham pelos vários locais do templo, que é enorme. Quando eu fui ao templo, em 2013, ainda não havia o áudio-guia.

O complexo ainda abriga outros pequenos templos, mas o maior é indiscutivelmente o mais belo de todos. Nós demos uma voltinha por todo o complexo, pelos templos e gramados e logo retornamos ao nosso carro.

É um lugar realmente impressionante e é considerado um dos mais lindos templos da Índia.

detalhes

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1444 colunas

1444 colunas

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elefantes

elefantes

elefantes

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templo

templo

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Nós saímos do templo jainista e almoçamos na estrada. Até Jodhpur, o caminho tinha sido basicamente plano, vegetação seca e arbustos no meio do deserto. Depois de Ranakpur, começam as montanhas e o carro vai subindo uma serra. A partir daí, muitos macacos da cara preta podem ser vistos pela estrada. Não consegui tirar fotos, mas eles se reúnem em bandos enormes realmente. A vegetação das montanhas era de árvores secas predominantemente.

Almoçamos e chegamos a Udaipur no final da tarde. Como ainda não queríamos sujar nossas roupas de tintas coloridas – já que era véspera do Holi, festival da primavera e das cores – decidimos ficar no hotel. Fomos até o terraço e apreciamos a vista do forte da cidade.

O quarto do hotel era decente, TV a cabo, net e água quente. Nesse dia, particularmente, o dia do meu aniversário, ganhei de presente do meu amigo de viagem uma bucha! É, uma bucha de banho. Ele já estava há dias me ouvindo reclamar do meu arrependimento de não haver trazido esse item do Brasil, pois por mais que tomemos banho na Índia, parece que sempre estamos sujos! O pior é que não há mercados – lê-se “mercados com caixas e prateleiras de produtos” – no Rajastão, mas somente as feiras de rua, e eu nunca via uma bucha de corpo nelas. Quando meu amigo voltou da rua com uma de presente, bem no dia do meu aniversário, foi como noite de Natal! Um dos melhores mimos e um dos mais “abrasivos” banhos da minha vida! Que delícia esfregar a pele depois de passar horas passeando por ruas indianas! Eu Tentei dormir cedo, mas foi difícil, pois já havia muito barulho na rua, dos ensaios para o Holi.

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