Agra

Agra

Até esse momento, nós havíamos viajado, juntamente com nosso motorista Anil, por cerca de 10 cidades, no estado do Rajastão. Agora, chegávamos ao ponto alto da nossa viagem, a cidade de Agra, no estado vizinho de Uttar Pradesh, onde está o ícone da arquitetura indiana, o cartão postal dos cartões postais do país, o inconfundível e único Taj Mahal.

Tínhamos chegado a Agra no dia 3 de abril, à noite, vindos de Sawai Madhopur, uma cidade na qual fizéramos um passeio a um parque nacional, para ver tigres. No dia 4, levantamos com ansiedade.

O Taj Mahal era um desses pontos no globo que um dia eu sonhava conhecer; um dos tesouros artísticos do planeta no qual eu tinha que ticar na minha lista de absolutas necessidades de viagem. Tinha até medo de frustrar minhas altas expectativas ao chegar perto do mausoléu, mas não me decepcionei. Aliás, já tinha visto tantas maravilhas arquitetônicas no Rajastão, que desencanto não fazia parte do meu vocabulário na Índia, ao menos em relação a essa arte.

Nós acordamos bem cedo, já que o melhor horário de visita para o Taj Mahal é logo de manhã, quando as multidões ainda não chegaram. Antes das sete horas, já estávamos na fila dos tickets – e já estava cheio!

bem cedinho

bem cedinho

lá estava ele...

lá estava ele…

antes das sete da manhã, já estava cheio

antes das sete da manhã, já estava cheio

O Taj Mahal fica às margens do rio Yamuna. Ele é notável não somente pela sua arquitetura, mas pela bela história de afeição que o envolve e que ainda nos fascina; afinal, ele representa uma das mais conhecidas e exageradas provas de amor que a humanidade já viu.

Diz a história que um dia, depois de um rápido encontro, um príncipe mogol se enamorou, perdidamente e à primeira vista, de uma princesa de 15 anos de idade; cinco anos se passaram, sem que eles tivessem se encontrado novamente, mas seus destinos já estavam unidos, pelo casamento que fora arranjado pelas famílias de cada um e que aconteceria com a alegria e aprovação dos próprios noivos. Sem jamais esconder que a amada era a favorita de todas as esposas e que o príncipe tinha toda predisposição para satisfazê-la, ele, agora imperador, rebatizou-a com o nome de Mumtaz Mahal, que quer dizer a “eleita do palácio” ou a “joia do palácio”.

Shah Jeham (Shahabuddin Mohammed Shah Jahan ou Shehab-Ud-Din-Muhammad Shah Jahan) foi o quinto soberano mogol, depois de Babur, Humayun, Akbar (seu avô) e Jahangir, seu pai (Shah Jahan foi coroado em 1628, no Forte de Agra). Na condição de imperador, ele se dava ao luxo de ostentar inúmeras esposas e concubinas. A sua rainha preferida e sua terceira esposa, Mumtaz, era neta de I’timad-Ud-Daula, ministro do imperador Jahangir; ela, cujo nome original era Arjumand Bano Begum, vinha a ser, então, apenas uma das muitas mulheres do imperador e mesmo assim não descansava quando o assunto era dar filhos a ele. Em 1631, aos 39 anos de idade, dando à luz o seu décimo quarto rebento, ela faleceu, deixando o imperador completamente desconsolado e desgostoso. Segundo crônicas posteriores, toda a corte chorou a morte da rainha durante dois anos, período no qual não houve musica, festas ou celebrações de espécie alguma em todo o reino. É dito também que o imperador inconsolável ficou grisalho de tristeza, do dia para noite.

Passado o luto e a profunda depressão, Shah Jahan decidiu homenagear a sua amada favorita, construindo um mausoléu extraordinário sobre o seu túmulo. O presente póstumo do imperador foi seu último projeto de vida, nos 22 anos que se seguiram, e além de suas forças, o Taj Mahal consumiu muito investimento financeiro, mesmo para um reino que acumulava muitas riquezas (é dito que o valor gasto no Taj Mahal ajudou a apressar o declínio do império mogol).

Todos os detalhes do edifício, cuja estética perfeita é admirável, mostram sua natureza romântica. O Taj Mahal é forte e delicado ao mesmo tempo; a cor branca do mármore inspira suavidade; as incrustações coloridas sugerem graciosidade; e a cúpula avantajada, costurada com fios de ouro, alude à força de um amor imortal.

A construção começou em 1632, demorou mais de duas décadas para ser concluída (sabe-se que o mausoléu levou de oito a doze anos para ficar pronto, mas todo o complexo finalizou-se em 1653) e foram utilizados mais de 20 mil trabalhadores, vindos de várias partes do Oriente. A arquitetura da construção incorpora elementos das estéticas islâmica, pérsica, indiana e, especialmente, da mogol antiga; o projeto inspirou-se em uma série de edifícios mogóis, dentre os quais a tumba de Itmad-Ud-Daulah e a Jama Masjid, em Déli. Os chattris do Taj Mahal (estruturas em forma de dossel), por exemplo, fazem parte da arquitetura palaciana mogol e deram peculiar charme ao prédio.

É fato que sob mecenato de Shah Jahan, que amava tanto as artes quanto sua preciosa “joia do palácio”, a arquitetura mogol atingiu níveis altos de requinte e refinamento. Antes do Taj Mahal, por exemplo, era comum que as edificações mais sofisticadas, da realeza, fossem erguidas com arenito vermelho ou amarelo, deixando o mármore para construções mais deificadas, como os templos; porém, o imperador quis suavizar o mausoléu para que ficasse de acordo com sua amada – e particular deusa – e promoveu, assim, o uso de mármore branco na sua desmensurada tumba.

Abaixo, praticamente todas as informações sobre a arquitetura do complexo do Taj Mahal foram tiradas da Wikipédia – a Enciclopédia Livre.

O edifício principal, erguido sobre uma plataforma chamada de pedestal, é flanqueado por dois prédios de pedras vermelhas e cercado por quatro minaretes. Em todo o complexo, há uma série de pátios, jardins, canais e mausoléus secundários e a planta obedece a uma simetria perfeita. A superfície da água dos canais reflete as fachadas dos edifícios, produzindo um efeito adicional de simetria.

A entrada principal, chamada de darwaza, é um edifício monumental construído em arenito vermelho. O estilo recorda a arquitetura mogol e os primeiros imperadores da dinastia. As suas arcadas repetem as formas do mausoléu principal, e incorporam a mesma caligrafia decorativa, que são partes do Corão. São usadas decorações florais em baixo-relevo e incrustações.

darwaza - edifício de acesso ao Taj

darwaza – edifício de acesso ao Taj

darwaza, mesmos elementos decorativos do mausoléu

darwaza, mesmos elementos decorativos do mausoléu

As paredes e os tetos abobadados apresentam elaborados desenhos geométricos, similares aos que existem em outros edifícios do complexo, como na mesquita avermelhada. Originalmente a entrada fechava-se com duas grandes portas de prata, que foram desmontadas e fundidas, em 1764.

detalhes da darwaza

detalhes da darwaza

O complexo está limitado por três lados por um muro em pedra vermelha. Após os muros, existem vários mausoléus secundários, incluindo os das demais viúvas de Shah Jahan e do servente favorito de Mumtaz. Estes edifícios, construídos principalmente com pedra vermelha, são típicos dos edifícios funerários mogóis da época.

Do lado interior, os muros completam-se com uma colunata coroada por vários arcos, característica comum nos templos hindus, incorporada nas mesquitas mogóis. A certas distâncias fixas, estão os chattris e outras pequenas construções que podem ter sido utilizadas como mirantes, incluindo a que atualmente se chama Casa da Música, utilizada como museu (onde há pinturas em miniaturas e retratos em marfim do imperador e da imperatriz).

colunatas nos muros

colunatas nos muros

Os jardins também são uma atração à parte, embora um pouco sujos, pra variar…

garrafa jogada no gramado do Taj Mahal!

garrafa jogada no gramado do Taj Mahal!

O chahar bagh (grande jardim persa) foi introduzido na Índia por Babur, o primeiro imperador mogol, segundo um desenho inspirado na tradição persa, com o propósito de representar os jardins do paraíso. Nos textos místicos do Islão, no período mogol, o paraíso é descrito como um jardim ideal, pleno de abundância. A água tem um papel-chave nestas descrições, já que se refere a quatro rios que surgem de uma fonte central, constituída por montanhas, que dividem o Éden em quatro partes, segundo os pontos cardeais (norte, sul, leste e oeste).

A maioria destes jardins mogóis é de forma retangular, com um pavilhão central. O Taj Mahal é invulgar neste sentido, já que situa o edifício principal, o mausoléu, em um dos extremos. Mas a recente descoberta da existência do Mahtab bagh (Jardim da Lua) na ribeira oposta do rio Yamuna permite uma interpretação distinta, incorporando o vale no desenho global de tal forma que se converta em um dos rios do paraíso.

O traçado dos jardins e as características arquitetônicas principais, como as fontes, caminhos de mármore e azulejos, e canteiros lineares do mesmo material sugerem que podem ter sido desenhados pelo mesmo engenheiro, Ali Mardan.

As descrições mais antigas do jardim mencionam sua profunda vegetação, com abundância de rosas, narcisos e árvores frutíferas.

jardins

jardins

Taj Mahal

Taj Mahal

Com a declinação do império mogol também decresceu o mantimento, e quando os britânicos assumiram o controle do Taj Mahal, introduziram modificações paisagísticas para refletir melhor o estilo dos jardins de Londres.

No entanto, ainda hoje, os visitantes poderão admirar-se ao ver os jardineiros cortar a relva com uma máquina puxada por bois.

O prédio principal, o mausoléu branco, é o foco visual de todo o conjunto. Como a maioria dos edifícios funerários mogóis, os elementos básicos são de origem persa: há um edifício simétrico com um iwan (entrada arqueada), coroado por uma grande cúpula.

Taj Mahal

Taj Mahal

A tumba da imperatriz descansa sobre um pedestal quadrado. O edifício consiste numa grande superfície dividida em múltiplas salas, das quais a central alberga o cenotáfio de Mumtaz e também de seu marido Shah Jahan. Na realidade, as tumbas reais encontram-se num nível inferior, nos subterrâneos.

A base é essencialmente um cubo com vértices cortados, de 55 metros de lado. Sobre cada lado, uma grande pishtaq (ou arcada) rodeia o iwan, com um nível superior similar de balcões. Estes arcos principais se elevam até ao teto da base da cúpula, gerando uma fachada integrada.

A cada lado da arcada principal, há arcadas menores em cima e em baixo. Este motivo repete-se nas esquinas. O projeto é completamente uniforme e consistente nos quatro lados da base. Em cada esquina do pedestal base, um minarete complementa o conjunto.

Taj Mahal

Taj Mahal

A cúpula de mármore branco sobre o mausoléu é visivelmente o mais espetacular elemento do conjunto. A sua altura é quase igual à da base, em torno de 35 metros, dimensão que se acentua por estar apoiada num tambor circular de sete metros de altura. A cúpula tem uma forma de cebola. Os árabes chamam essa tipologia da cúpula amrud, ou seja, com forma de maçã.

O terço superior da cúpula está decorado com um anel de flores de lótus em relevo, e no remate uma agulha ou finial dourada combina tradições islâmicas e hindus. Esta agulha termina numa lua crescente, motivo típico islâmico, com os seus extremos apontando para o céu. Pela sua colocação sobre a agulha, o topo desta e os extremos da lua combinados formam uma figura semelhante a um tridente, exacerbo do símbolo tradicional hindu para a divindade de Shiva.

detalhe do finial sobre a cúpula

detalhe do finial sobre a cúpula

A figura central mostra um forte parecido com o kalash ou kumbh, o barco sagrado da tradição hindu. A forma da cúpula enfatiza-se também pelos quatro chattris em cada esquina. As cúpulas destes replicam a forma da central. As suas bases decoradas com colunas abrem através do teto do mausoléu um espaço para a entrada de luz natural no interior do espaço fechado. Os chattris também estão rematados por finiais.

detalhe de um chattri

detalhe de um chattri

Nas paredes laterais, as estilizadas espirais decoradas em relevo ajudam a aumentar a sensação de altura do edifício, e repetem-se os motivos de lótus ao longo desta e das restantes, assim como em todos os chattris.

Em cada esquina do pedestal, eleva-se um minarete: quatro grandes torres de mais de 40 m de altura que novamente mostram a atração do Taj pelo desenho simétrico e repetitivo, criando em parte vários padrões. As torres estão desenhadas como minaretes funcionais, elemento tradicional das mesquitas onde o almuadem chama os fiéis islâmicos à oração. Cada minarete está dividido em três partes iguais por dois balcões que o rodeiam com anéis. No topo da torre, um terraço coberto por um chattri repete o desenho do mausoléu.

minarete com chattri

minarete com chattri

Estes chattris dos minaretes têm todos os mesmos detalhes de acabamento: o desenho de flor de lótus e o finial dourado sobre a cúpula.

Cada minarete foi construído levemente inclinado para fora do conjunto. Desta maneira, em caso de queda, algo não tão improvável nesse tempo para construções de semelhante altura, o material iria cair longe do edifício principal.

Praticamente toda a superfície do complexo foi ornamentada e encontra-se entre as mais belas decorações exteriores mogóis de qualquer época. Também neste aspecto, os motivos repetem-se em todos os edifícios e elementos. Da proporção ao tamanho da superfície a decorar, a decoração exterior vislumbra-se mais ou menos refinada e detalhada. Os elementos decorativos pertencem basicamente a três categorias – caligrafia, elementos geométricos abstratos, motivos vegetais/ florais, recordando que a religião islâmica proíbe a representação da figura humana. Estas decorações efetuaram-se com três técnicas diferentes: pintura ou estuque aplicado sobre as paredes, incrustação de pedras e esculturas.

As passagens do Corão são utilizadas em todo o complexo como elementos decorativos. Os textos criados pelo calígrafo persa da corte mogol Amanat Khan são tão detalhados e fantasiosos, que se tornam quase ilegíveis. A assinatura do calígrafo surge em vários painéis.

As letras estão incrustadas com quartzo opaco sobre os painéis de mármore branco. Alguns dos trabalhos são extremamente detalhados e delicados, especialmente os que se encontram no mármore dos cenotáfios da tumba. Os painéis superiores estão escritos com caligrafia proporcionada para compensar a distorção visual ao observá-los desde baixo.

passagens do Corão ao redor das arcadas

passagens do Corão ao redor das arcadas

Estudos recentes sugerem que foi também Amanat Khan quem selecionou as passagens do Corão. Os textos referem em geral temas de justiças, de inferno para os incrédulos e de promessa de paraíso para os fiéis. Entre as principais passagens, incluem-se as seguintes suras: 91 (o sol), 112 (pureza da fé), 89 (descanso diário), 93 (luz da manhã), 95 (as figueiras), 94(a abertura), 36 (Ya Sin), 81 (a escuridão), 84 (a ferida), 98 (a evidência), 67 (o domínio), 48 (a vitória), 77 (os enviados) e 39 (os grupos).

As formas de arte abstratas são utilizadas especialmente no pedestal do mausoléu, nos minaretes, na mesquita, no jawab (edifício oposto à mesquita, do outro lado do mausoléu), e também em superfícies menores do templo. As cúpulas e abóbadas dos edifícios de pedra estão trabalhadas com traceria (ou arrendado), para criar elaboradas formas geométricas.

Nas zonas de transição, o espaço entre elementos vizinhos preenche-se com traceria, formando padrões em V. Nos edifícios de pedra vermelha, usa-se uma traceria branca e, sobre o mármore branco, utiliza-se como elemento contrastante uma traceria escura ou mesmo negra.

padrões em V nas colunas

padrões em V nas colunas

O chão está coberto por mosaicos de cores e formas distintas combinados em padrões geométricos diferentes.

A técnica da incrustação sobre as placas de mármore apresenta tal perfeição e precisão que as juntas entre as pedras e gemas incrustadas apenas se distinguem com uma lente de aumento, uma lupa. Elas parecem pinturas e não cravações na pedra (a técnica é chamada de pietra dura). Uma flor, de apenas sete centímetros quadrados, tem 60 incrustações ou marchetarias diferentes, que oferecem ao teto uma superfície irregular.

As paredes baixas do templo funerário mostram frisos de mármore com baixos-relevos de flores e vegetais que foram polidos para ressaltar o extremo requinte do trabalho. Os frisos e as arcadas foram decorados com incrustações de pedras semipreciosas formando desenhos muito estilizados de flores, frutos e outros vegetais. As pedras incrustadas são mármore amarelo, jade, quartzo polido e outras gemas menores.

detalhes

detalhes

detalhes

detalhes

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detalhes

detalhes

detalhes

A sala central do Taj Mahal apresenta uma decoração que vai para além das técnicas tradicionais e aparenta com formas mais elevadas da arte manual, como a ourivesaria e a joalharia. Aqui o material usado para as incrustações já não é mármore ou jade, mas sim gemas preciosas e semipreciosas. Cada elemento decorativo do exterior foi redefinido mediante a forma das joias. A sala principal contém ainda os cenotáfios de Mumtaz e Shah Jahan, obras-primas de artesanato, sem precedentes na época.

A forma da sala é octogonal e ainda que o desenho permita ingressar por qualquer dos lados, só a porta sul, em direção aos jardins é usada habitualmente. As paredes interiores têm aproximadamente 25 metros de altura, sobre as quais se construiu uma falsa cúpula interior decorada com motivos solares. Oito arcos definem o espaço no nível do solo. Similar ao que se sucede no exterior, a cada meio arco sobrepõe-se um segundo a meia altura na parede. Os quatro arcos centrais superiores formam balcões com miradouros para o exterior. Cada janela destes balcões leva um intrincado trabalho de mármore, o jali. Além da luz proveniente dos balcões, a iluminação complementa-se com a que ingressa através dos chattris em cada esquina da cúpula exterior.

Cada uma das paredes da sala foi detalhadamente decorada com frisos em baixo-relevo, intrincadas incrustações de pedraria e refinados painéis de caligrafia, refletindo inclusivamente o nível minimalista do complexo. Com estes elementos, cria-se uma espécie de ligação ou fusão simétrica do espaço interior e exterior, numa linha decorativa que permite que contatem diretamente os dois espaços do complexo funerário.

A tradição muçulmana proíbe a decoração elaborada das campas, pelo que os corpos de Mumtaz e Shah Jahan descansam numa câmara relativamente simples debaixo da sala principal do Taj Mahal. Estão sepultados segundo um eixo norte-sul, com os rostos inclinados para a direita, em direção a Meca.

Todo o Taj Mahal se centra em redor dos cenotáfios que duplicam em forma exata a posição das duas campas e são cópias idênticas das pedras do sepulcro inferior.

O cenotáfio de Mumtaz ergue-se no centro exato da sala principal, sobre uma base retangular de mármore de aproximadamente 1,50 × 2,50 metros. Há uma pequena urna também de mármore. Tanto a base como a urna estão incrustadas com um requintado trabalho de gemas. As inscrições têm a função de identificar Mumtaz e protegê-la, em jeito de oração. Na tampa da urna sobressai uma placa, que se assemelha a um quadro de escola.

O cenotáfio de Shah Jahan está junto ao de Mumtaz, formando a única disposição assimétrica de todo o complexo. É maior que o da sua esposa, mas contém os mesmos elementos: uma grande urna com base alta, também decorada com maravilhosa precisão mediante incrustações e caligrafia identificadora. Sobre a tampa da urna existe uma escultura de uma pequena caixa de penas de escrever.

assimetria nas tumbas (reprodução de foto da Internet)

assimetria nas tumbas (reprodução de foto da Internet)

os cenotáfios, campas vazias (reprodução de foto da Internet)

os cenotáfios, campas vazias (reprodução de foto da Internet)

Placas do cenotáfio, em mármore talhado e com incrustações de pedras preciosas (reprodução de foto da Internet)

Placas do cenotáfio, em mármore talhado e com incrustações de pedras preciosas (reprodução de foto da Internet)

Nos extremos do complexo, erguem-se dois grandes edifícios laterais ao mausoléu branco, paralelos aos muros leste e oeste. Ambos são fiéis ao reflexo um do outro.

edifícios

edifícios

O edifício ocidental é uma mesquita avermelhada e o seu oposto é o jawab, cujo sentido original foi simplesmente balancear a composição arquitetônica, gerando simetria, e crê-se que ele foi usado como hospedaria.

mesquita

mesquita

mesquita

mesquita

mesquita

mesquita

chattri

chattri

interior do jawab, usado possivelmente como hospedaria

interior do jawab, usado possivelmente como hospedaria

jawab

jawab

As diferenças consistem em que o jawab não tem minarete e os seus pisos apresentam desenhos geométricos, enquanto os da mesquita estão decorados com um desenho em mármore negro que marca a posição das tapeçarias para a oração de 569 fiéis.

O projeto básico da mesquita é similar a outras construções mandadas edificar por Shah Jahan, especialmente o seu Jama Masjid, em Déli, que consiste numa grande sala rematada por três cúpulas. As mesquitas mogóis desta época dividem o santuário em três áreas distintas: um sector principal com duas alas.

Abaixo, mais detalhes sobre a arquitetura do complexo e algumas curiosas informações.

Elementos formais do Taj Mahal

Os elementos formais e decorativos são empregues repetida e consistentemente por todo o complexo, unificando o vocabulário estético. As principais características do mausoléu refletem-se no resto da construção:

elementos (reprodução de imagem da Internet)

elementos (reprodução de imagem da Internet)

  1. Finial: remate ornamentado das cúpulas usado nos pagodes asiáticos igualmente.
  2. Decorações de lótus: esquemas cujo motivo é a flor de lótus, esculpidos nas cúpulas.
  3. Amrud: Cúpula em forma de cebola, típica na arquitetura islâmica e que, mais tarde, seria usada na Rússia.
  4. Tambor: base cilíndrica da cúpula, que serve de apoio e transição formal sobre o resto do edifício.
  5. Guldasta: agulha decorativa fixa no rebordo das balaustradas.
  6. Chattri: galeria de colunas e cúpula, utilizado principalmente em monumentos de carisma comemorativo.
  7. Cenefas: painéis esculpidos sobre as arcadas.
  8. Caligrafia: escritura estilizada de versos do Corão sobre as arcadas principais.
  9. Arcadas ou portais: também denominados pishtaq (palavra persa para os portais).
  10. Dados: painéis decorativos sobrepostos às paredes da fachada frontal do edifício.

Processo construtivo

A construção do Taj Mahal iniciou-se com a fundação do mausoléu. Escavou-se e formou-se com os escombros uma superfície de aproximadamente 12.000 m² para reduzir o risco de infiltrações do rio. Toda a área foi levantada a uma altura de quase 15 metros sobre o nível da ribeira. O Taj Mahal tem uma altura aproximada de 60 metros e a cúpula principal mede 20 metros de diâmetro e 25 de altura.

Taj Mahal

Taj Mahal

Na zona do mausoléu, cavaram-se poços até encontrar água e preencheram-se com pedra formando as bases da fundação. Deixou-se um poço aberto em torno do edifício para monitorizar as mudanças do nível da água subterrânea.

Ao invés da utilização de andaimes de bambu, comuns na época, os trabalhadores construíram colossais andaimes de ladrilho por fora e por dentro das paredes do mausoléu. Estes andaimes eram tão grandes, que muitos estimam anos como o tempo que se demorou a desmantelá-los. De acordo com a lenda, Shah Jahan decretou que qualquer um poderia levar os ladrilhos e, em consequência, muitos foram levados, pela noite, pelos camponeses locais.

Para transportar o mármore e outros materiais desde Agra até ao local da edificação, construiu-se uma rampa de terra de 15 km de comprimento. De acordo com os registros da época, para o transporte dos grandes blocos utilizaram-se carreiras especialmente construídas, tiradas por carros de vinte ou trinta bois.

Para colocar os blocos em posição foi necessário um elaborado sistema de roldanas montadas sobre postes e vigas de madeira, e a força de juntas de bois e mulas.

A sequência construtiva foi:

  1. A base ou pedestal;
  2. O mausoléu com a sua cúpula;
  3. Os quatro minaretes;
  4. A mesquita e o jawab;
  5. O forte de acesso;

O pedestal e o mausoléu consumiram doze anos de construção.

pedestal

pedestal

detalhe do pedestal

detalhe do pedestal

As restantes partes do complexo tomaram quase mais dez anos. Como o conjunto foi construído por etapas, os historiadores da época informam diferentes datas de término, a causa possivelmente de opiniões divergentes sobre a definição da palavra “término”. Por exemplo, o mausoléu em si foi completado em 1643, mas o trabalho continuou no resto do complexo.

Infraestrutura hidráulica

A água para o Taj Mahal provinha de uma complexa infraestrutura que incluía séries de purs, movidos por animais, que levavam a água a grandes cisternas, onde, mediante mecanismos similares, se elevava a um grande tanque de distribuição erguido sobre a planta baixa do mausoléu.

Do tanque principal de distribuição, a água passava por três tanques subsidiários, desde os quais se conduzia a todo o complexo. A uma profundidade de 1,50 metros, corre a conduta de barro que completa o sistema de rega dos jardins. Outros canos em cobre alimentam as fontes no canal norte-sul, e escavaram canas secundárias para regar o resto do jardim. As fontes não se conectaram de forma direta com os tubos de alimentação, mas sim a um tanque intermediário de cobre debaixo de cada saída, com o fim de igualar a pressão em todas.

Os purs não se conservaram, mas sim o resto das instalações.

Construtores e artesãos

O Taj Mahal não foi projetado por uma só pessoa, mas exigiu talento de várias origens. Os nomes dos construtores das diversas especialidades que participaram na obra chegaram aos nossos dias através de diversas fontes.

Dos discípulos do grande arquiteto otomano Koca Mimar Sinan Agha, Ustad Isa e Isa Muhammad Effendi, tiveram um papel-chave no desenho do complexo. Alguns textos em idioma persa mencionam Puru de Benarus como arquiteto supervisor.

A cúpula principal foi desenhada por Ismail Khan do império otomano, considerado o primeiro arquiteto e construtor de cúpulas daquela época. Qazim Khan, um nativo de Lahore, moldou o finial de ouro maciço que coroa a cúpula principal. Chiranjilal, um artesão de Déli, foi o escultor chefe e responsável pelos mosaicos. Amanat Khan de Shiraz, Pérsia, foi o responsável da caligrafia. Muhammad Hanif foi o capataz dos artistas pedreiros, que produziram aí a arte de trabalhar a pedra. Mir Abdul Karim e Mukkarimat Khan de Shiraz, da Pérsia, supervisionaram as finanças e a gestão da produção diária.

O grupo de artistas incluindo escultores de Bucara, calígrafos da Síria e Pérsia, mestres em incrustação do sul da Índia, cortadores de pedra de Baluchistão, um especialista em construir torres, outro que gravava flores sobre os mármores, completando um total de 37 artesãos principais. Esta equipe diretriz esteve acompanhada por uma força laboral superior a 20.000 trabalhadores, recrutados em todo o norte da Índia.

Os cronistas europeus, especialmente durante o primeiro período do Raj britânico, sugeriram que alguns dos trabalhos do Taj Mahal tinham sido obra de artesãos europeus. A maioria destas suposições eram puramente especulativas, mas uma referência de 1640, segundo a carta de um frade espanhol que visitou Agra, menciona que Geronimo Veroneo, um aventureiro italiano na corte de Shah Jahan, foi o responsável principal do desenho. Não há prova científica demonstrável para provar esta afirmação, nem se citou nenhum Veroneo nos documentos relativos à obra que ainda se conservam. E.B. Havell, o principal investigador britânico de arte indiana no último Raj descartou esta teoria por não se encontrar evidência alguma e por resultar inconsistente com os métodos empregados pelos desenhistas.

Em agosto de 2004, funcionários da organização Pesquisa Arqueológica da Índia, de Nova Déli, anunciaram a descoberta dos nomes de 671 pessoas envolvidas na construção, divididos por funções, como um “construtor de cúpula” e um “jardineiro”. Os nomes estavam gravados numa parede soterrada, e estavam nos idiomas urdu, árabe e persa, confirmando a liderança da construção por Ahmad Lahori (um dos nomes descobertos).

Materiais

O principal material empregado para a construção é o mármore branco, trazido em carros puxados por bois, búfalos, elefantes e camelos, desde as pedreiras de Makrana, no Rajastão, situadas a mais de 300 km de distância.

O segundo material mais utilizado é a pedra arenisca rochosa, empregada na construção da maioria dos palácios e fortes muçulmanos anteriores à era de Shah Jahan. Este material foi utilizado em combinação com o mármore negro, nas muralhas, no acesso principal, na mesquita e no jawab.

O Taj Mahal inclui, aliás, outros materiais trazidos de toda a Ásia. Mais de 1000 elefantes transportaram materiais de construção dos confins do continente. O jaspe foi importado do Punjab, e o cristal e o jade, da China.

No total utilizaram-se 28 tipos de gemas e pedras semipreciosas para fazer as incrustações no mármore. As turquesas vieram do Tibete, as pedras de lápis-lazúli do Afeganistão, as safiras do Ceilão, as ágatas do Yemen, as ametistas da Pérsia, o âmbar do oceano Índico, os quartzos do Himalaia e da Península Arábica e os corais da Arábia Saudita.

Custo

O custo total da construção do Taj Mahal é estimado em 50 milhões de rupias indianas. Naquele tempo, um grama de ouro tinha valor aproximado de 1,40 rupias, de modo que segundo a cotação atual, a soma poderia significar por volta de quinhentos milhões de dólares americanos. Deve ser levado em conta, que qualquer comparação baseada no valor do ouro entre distintas épocas resulta em valores inexatos. Mesmo para um reino que conseguira acumular riquezas quantas que permitissem gastos dispendiosos, o Taj ajudou a determinar o fim de uma era.

A origem do nome

Ana. A palavra “taj” provém do persa, linguagem da corte mogol, e significa “coroa”, enquanto que “mahal” é uma variante curta de Mumtaz Mahal, o nome formal na corte de Arjumand Banu Begum, cujo significado é “Primeira dama (a eleita) do palácio”. Taj Mahal, então, refere-se à “coroa de Mahal”, a amada esposa de Shah Jahan. Já em 1663, o viajante francês François Bernier mencionou o edifício como “Tage Mehale”.

O Taj Mahal negro

Uma lenda afirma que se previu construir um mausoléu idêntico na margem oposta do rio Yamuna, substituindo o mármore branco por negro. A lenda sugere que Shah Jahan foi destronado por seu filho Aurangzeb antes que a versão negra fosse edificada, e que os restos de mármore negro que são encontrados no rio são as bases inacabadas do segundo mausoléu.

Estudos recentes desmentem parcialmente esta hipótese e projetam novas luzes sobre o desenho do Taj Mahal. Todos os restantes grandes túmulos mogóis situavam-se em jardins formando uma cruz, com o mausoléu no centro. O Taj Mahal, pelo contrário, está disposto em forma de um grande “T” com o mausoléu num extremo. O rastro das ruínas na margem oposta do rio estende o desenho até formar um esquema de cruz, em que o próprio rio se converteria em canal central de um grande chahar bagh. A cor negra parece ser produto da ação do tempo sobre os mármores brancos originalmente abandonados no local. Os arqueólogos chamaram a este segundo e nunca construído Taj como “Mahtab Bagh”, ou seja, “Jardim da Luz da Lua”.

O programa do History Channel sobre o Taj Mahal especula que o Taj Negro seria a imagem do Taj Mahal refletido na água.

O túmulo assimétrico de Shah Jahan

Aurangzeb situou o túmulo e o cenotáfio de Shah Jahan, seu pai, no Taj Mahal em vez de lhe construir um mausoléu próprio, como era característico para os imperadores. Esta ruptura da simetria é atribuída por uma lenda complementar do Taj Negro à malícia ou à indiferença de Aurangzeb. Os avós deste último tinham sido já sepultados num mausoléu com configuração assimétrica semelhante.

O filho de Shah Jahan era um homem piedoso, e o Islão evita todo o tipo de ostentação, especialmente no aspecto funerário. Assim, em lugar de utilizar um ataúde, era normal usar simplesmente um sudário para sepultar os mortos.

Os livros islâmicos descrevem a sepultura em ataúdes como “um gasto inútil, que poderia ser melhor utilizado para alimentar o faminto ou ajudar o necessitado”. Segundo a visão de Aurangzeb, construir um mausoléu novo para Shah Jahan teria sido um desperdício. Por isso sepultou o seu pai junto a Mumtaz Mahal, sem mais complicações.

Mutilação dos trabalhadores

Um sem-fim de histórias descrevem, muitas vezes com detalhes horripilantes, a morte, desmembramento e mutilação que Shah Jahan teria infligido a vários artesãos relacionados com a construção do mausoléu. Talvez a história mais repetida seja a de que como o imperador teve à sua disposição os melhores arquitetos e decoradores, depois de completar o seu trabalho, fazia-os cegar e cortar as mãos para que não pudessem voltar a construir um monumento que igualasse a superioridade do Taj Mahal. Nenhuma referência respeitável permite assegurar estas hipóteses, na qual alguns creem, por outro lado, que fosse uma prática bastante comum em relação a alguns grandes monumentos da Antiguidade.

Elementos desaparecidos

São várias as lendas em relação a muitos elementos roubados pertencentes ao Taj Mahal. Alguns foram deteriorados pelo tempo, mas muitos dos supostos elementos em falta são apenas lendas.

Entre as falsas perdas mais difundidas, destacam-se: as folhas de ouro, que supostamente cobriam toda a parte da cúpula principal; a varanda dourada, que teria rodeado os cenotáfios, possivelmente por confusão com os limites provisórios colocados e logo substituídos ao terminar as cantarias de mármore; os diamantes, supostamente incrustados nos cenotáfios; o tecido de pérolas, que segundo alguns, cobria o cenotáfio de Mumtaz.

Outros elementos perderam-se ao longo do tempo, entre eles: os portões de prata do forte de acesso; as folhas douradas que cobriam as juntas metálicas das cantarias de mármore em torno dos cenotáfios; numerosas tapeçarias que cobriam os interiores do mausoléu; as lâmpadas esmaltadas do interior.

Plano britânico para demolir o Taj Mahal

Uma historia frequentemente repetida narra que Lord William Bentinck (governador da Índia na década de 1830) pensou em demolir o Taj Mahal e vender o mármore. Em algumas versões do mito, a demolição esteve iminente, mas não começou porque Bentinck foi incapaz de criar um projeto viável do ponto de vista financeiro. Não há provas da época sobre tal plano, que pode ter sido difundido no final do século XIX quando Bentinck era criticado por seu insistente utilitarismo e Lord Curzon enfatizava a negligência em que haviam incorrido os anteriores responsáveis do monumento, apresentando-se a si mesmo como um salvador do patrimônio indiano.

De acordo com John Rosselli, biógrafo de Bentinck, a história foi criada a partir de outros acontecimentos, de tipo diferente: a venda de mármore proveniente do forte de Agra e a de um famoso embora obsoleto canhão, em ambos os casos com fins de beneficência.

O templo de Shiva

O presidente do instituto revisionista indiano, Purushottam Nagesh Oak, tem afirmado repetidamente que o Taj Mahal foi, na realidade, um templo hindu dedicado ao deus Shiva, construído no século XII, usurpado e remodelado por Shah Jahan para servir de mausoléu a sua esposa. Segundo ele, o nome original do templo era “Tejo Mahalaya”, que logo passou a “Taj Mahal”, mediante corrupção fonética.

Oak assegura também que os túmulos de Humayun, Akbar e Itimiad-u-Dallah, tal como a cidade do Vaticano em Roma, a Kaaba em Meca, Stonehenge, e “todos os edifícios históricos” na Índia, foram templos ou palácios hindus.

O Taj é apenas uma mostra típica de como todos os edifícios históricos de origem hindu desde Caxemira ao Cabo Comorim, têm sido atribuídos a este ou aquele governo muçulmano.

Em seguida assegurou que o Taj “não era” um templo de Shiva, mas que poderia ter sido o palácio de um rei da dinastia rajput (guerreiros do Rajastão). De qualquer modo, mantinha a sua acusação de que o monumento era de origem indiana, roubado por Shah Jahan e adaptado como túmulo. Oak assegurava que Mumtaz não estava sepultada ali. Disse também que os numerosos testemunhos da época relativos à construção do Taj Mahal, incluindo os volumosos registros financeiros de Shah Jahan e das suas diretivas sobre a obra eram fraudes elaboradas para ocultar a origem hindu.

Estas provocantes acusações fizeram que Oak fosse conhecido pelo público através da mídia. Chegaram a iniciar-se demandas judiciais para conseguir a abertura dos cenotáfios e a demolição por parte da alvenaria do primeiro piso, já que nesses “falsos túmulos” e em “salas seladas” se ocultariam vários elementos correspondentes ao Shivalingam ou outro monumento.

As acusações de Oak não são aceitas pelos especialistas, mas estes mitos têm sido igualmente utilizados por vários ativistas do nacionalismo hindu.

Em 2000, o Supremo Tribunal de Justiça indeferiu as petições de Oak relativas à declaração de origem hindu do Taj Mahal, e condenou-o a pagar as custas judiciais. De acordo com Oak, a rejeição pelo governo indiano da sua petição é parte de uma conspiração contra o hinduísmo.

Cinco anos depois, o tribunal de Allahabad rejeitou uma petição similar, neste caso interposta por Amar Nath Misrah, um pregador que assegura que o Taj Mahal foi construído pelo rei hindu Parmar Dev em 1196.

Restauro e conservação

Em finais do século XIX, vários setores do Taj Mahal estavam muito deteriorados, por falta de manutenção e, durante a época da rebelião hindu (a revolta dos sipais), em 1857, o Taj Mahal foi dominado por soldados britânicos e oficiais do governo, que lhes arrancavam as pedras embutidas nas paredes e o lápis-lazúli dos seus muros, colocando em sério risco a preservação do monumento.

Em 1908, os mesmos ingleses completaram uma restauração das estruturas, ordenada pelo vice-rei britânico, Lord Curzon, que também incluiu o grande candelabro da câmara interior, segundo o modelo de um similar que se encontrava numa mesquita no Cairo. Curzon ordenou a remodelação dos jardins ao estilo inglês que ainda hoje se conservam.

Durante o século XX, melhorou o cuidado com o monumento. Em 1942, o governo construiu um andaime gigantesco cobrindo a cúpula, prevendo um ataque aéreo da Luftwaffe e, posteriormente, da força aérea japonesa. Esta proteção voltou a se erguer durante as guerras indo paquistanesas, de 1965 a 1971.

soldados e a cúpula coberta para proteção (reprodução de foto da Internet)

soldados e a cúpula coberta para proteção (reprodução de foto da Internet)

As ameaças mais recentes provêm da poluição ambiental, nas ribeiras do rio Yamuna, e da chuva ácida, causada pela refinaria de Mathura. Ambos os problemas são objeto de vários recursos ante a Corte Suprema da Justiça da Índia.

O edifício denuncia, de fato, uma grande fragilidade às emanações industriais muito poluentes para a atmosfera. Ordens judiciais determinaram, assim, o fim da circulação de veículos motorizados em redor do complexo, num raio de 100 metros.

Em 1983, com a inclusão do monumento na lista de Patrimônios da Humanidade, a preocupação com sua conservação tornou-se responsabilidade de diversos historiadores, arquitetos e restauradores.

No ano 2000, uma limpeza completa do Taj Mahal foi feita. Não se utilizou água, mas uma massa amarronzada de substâncias mais eficazes para a limpeza (mistura de solo, leite, limão e cereais), o resultado de pesquisas e esforços de várias equipes indianas e estrangeiras. Essa massa, chamada de multani mitti, que também servia de creme cosmético de mulheres indianas no passado, foi cortada em pedaços retangulares e cada placa disposta sobre o domo do edifício, permanecendo ali durante alguns dias, período no qual as substâncias absorveram as impurezas, detritos e sujeira em geral da superfície, ocasionadas pela poluição e que estavam alterando a cor branca original do prédio. Atualmente, devemos entrar com uma proteção especial nos calçados, sobre a superfície do pedestal e muitos ainda recomendam que os turistas entrem descalços, para melhor proteção do patrimônio.

meias de proteção

meias de proteção

Outras preocupações dizem respeito à estabilidade da construção. Desde 1985, têm-se vindo a notar instabilidades na estrutura do mausoléu, incluindo a inclinação progressiva dos altos minaretes. As principais causas parecem ser a progressiva seca do leito do rio Yamuna, modificando o teor de umidade do solo, e sua capacidade portadora.

É um pouco triste também observar o relaxo do turista indiano nas imediações do Taj Mahal. Nós os vemos jogando embalagens no chão e deixando garrafinhas de plástico enfiadas em arbustos. Deveria haver fiscalização e uma multa alta para isso.

Atualmente

O Taj Mahal encontra-se, atualmente (e desde 1983), classificado pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade. Foi recentemente anunciado como uma das Novas Sete Maravilhas do Mundo em uma celebração em Lisboa, no dia 7 de Julho de 2007.

banco no qual a princesa Diana sentou-se, em visita na década de 90

banco no qual a princesa Diana sentou-se, em visita na década de 90

Recentemente, alguns sectores sunitas reclamaram para si a propriedade do edifício, baseando-se de que se trata do mausoléu de uma mulher desposada por um membro deste culto islâmico. O governo indiano rejeitou a reclamação considerando-a mal fundamentada, já que o Taj Mahal é propriedade de toda a nação indiana.

Informação ao turista

O ingresso ao complexo do Taj Mahal custa 750 rúpias e se a entrada for apresentada no guichê do Forte de Agra, é possível obter um desconto de 50 rúpias para essa atração e ainda para outros pontos turísticos de Agra (Fatehpur Sikri, Tumba de Akbar ou a Tumba de Itimad-Ud-Daulah), se o ingresso for usado no mesmo dia.

ingresso

ingresso

ingresso

ingresso

Máquinas fotográficas são permitidas no Taj Mahal, mas não se podem tirar fotos no interior do mausoléu.

As autoridades de Agra permitem novamente a visita em noites de luar, passeio tradicional pelo monumento, que foram proibidas desde 1984 por receio de atentados da rebelião Sikh daquela época. O mármore branco apresenta características de fluorescência sob a luz da Lua. Às noites em que ele pode ser visto (pelo máximo de 400 pessoas, em grupos de 50 em 50), o horário se inicia às 20h30min e o complexo fecha à meia-noite e meia e os tickets são vendidos no dia anterior. Sem haver lua cheia, o Taj Mahal fica escuro e fechado. Assim, se quiserem ver o Taj com a iluminação noturna, organizem-se para estar lá durante a fase da lua cheia (e existe também um máximo de cinco noites para o complexo abrir à noite, então, é conveniente buscar informações na ocasião da visita diurna). É bom lembrar que o ingresso noturno tem o mesmo preço de 750 rúpias.

Tendo em conta que o complexo inclui uma mesquita, o acesso às sextas-feiras permite-se somente a fiéis muçulmanos e não a turistas. Portanto, não planejem sua viagem tendo a visita ao Taj Mahal em uma sexta-feira.

Última dica: é possível levar uma pequena lanterna para o interior do mausoléu, a fim de se observar melhor a transparência dos trabalhos em mármore e pedras preciosas.

Abaixo, mais fotos do Taj Mahal.

Taj Mahal

Taj Mahal

Taj Mahal

Taj Mahal

Taj Mahal

Taj Mahal

44 - Taj Mahal

Taj Mahal

Taj Mahal

Taj Mahal

Taj Mahal

Taj Mahal

Taj Mahal

Taj Mahal

Taj Mahal

Taj Mahal

Taj Mahal

Taj Mahal

Taj Mahal

Taj Mahal

Taj Mahal

Taj Mahal

Taj Mahal

Michael brincando de desenhar o Taj

Michael brincando de desenhar o Taj

Michael brincando de desenhar o Taj

Michael brincando de desenhar o Taj

sobre o banco, fotos segurando a cúpula

sobre o banco, fotos segurando a cúpula

jardins

jardins

Voltando à Agra

Saindo do Taj Mahal, nós retornamos ao hotel, tomamos café da manhã e Anil nos levou até o Forte de Agra, a 2,5 quilômetros do Taj.

vista do taj Mahal do Forte de Agra

vista do taj Mahal do Forte de Agra

Novamente, ele falhou em nos informar que com o ingresso do Taj, nós poderíamos levar um desconto de 50 rúpias na compra do ingresso ao forte, no mesmo dia (o ingresso para o forte custa 300 rúpias). Depois de comprar a entrada, mesmo sabendo disso por outra pessoa, voltei ao guichê, mas o atendente “não podia fazer mais nada”. Na verdade, era só falta de vontade mesmo, já que eu tinha acabado de dar o dinheiro a ele – era só me devolver 50! Mas, tudo bem, eu recomendo aos leitores que não se esqueçam disso e mostrem o ticket do Taj Mahal na hora da outra aquisição.

O Forte de Agra, também chamado de Lal Qila, Fort Rouge e Forte Vermelho de Agra, é o forte historicamente mais importante da Índia. Ele é aparentemente mais simples do que outras fortalezas que visitáramos no Rajastão, mas sua relevância se dá pelas ilustres figuras que nele habitaram e que, dali, governaram o país por séculos (entre os moradores mais importantes, se destacam os nomes dos imperadores mogóis Babur, Humayun, Akbar, Jehangir, Shah Jahan e Aurangzeb que, a partir daqui, guiaram o seu império mogol na Índia).

O forte constitui-se numa cidade-palácio fortificada e, como tal, encontra-se classificado como Patrimônio Mundial pela UNESCO.

Forte de Agra

Forte de Agra

A história do local remonta há muitos séculos. Já por volta do século XI, um hindu rajput do clã Sikarwar chamado Raja Badal Singh construiu um simples forte de tijolos conhecido por Badalgarh, onde hoje está o Forte de Agra. A estrutura foi capturada por forças Ghaznavide em 1080 d.C., ano do primeiro registro sobre o forte. Muito tempo depois, mais de quatrocentos anos, um sultão da última dinastia dos sultões de Déli, Sikander Lodi (1487 – 1517), resolveu mudar-se de Déli para a região que já era chamada de Agra e morou na estrutura fortificada que ali se encontrava, construindo mais palácios, poços e uma mesquita. Lodi elevou o status de Agra para a segunda capital do país e governou dali. Com sua morte, em 1517, seu filho, Ibrahim Lodi, assumiu o comando da localidade. Foi morto nove anos depois, em 1526, na primeira batalha de Panipat, contra o povo mogol, que instauraria a dinastia mogol na Índia, o último grande império do país, derrotado somente pelas forças britânicas, no século XVII. O imperador mogol Babur assumiu o forte, em 1526, e Humayun, seu filho, já foi coroado no Forte de Agra, em 1530, depois de tomar para si o vasto tesouro presente na fortaleza, incluindo o famoso diamante Koh-i-noor. Mais tarde, depois de idas e vindas do forte nas mãos dos mogóis e de outro povo, o filho de Humayun, Akbar, venceu a segunda batalha de Panipat, em 1556, assumiu o poder – e o forte novamente – e iniciou, de fato, a reconstrução do Forte de Agra, tal qual se encontra atualmente.

Elevando-se maciçamente em arenito vermelho, nas margens do rio Yamuna, a fortaleza teve sua construção atual, então, iniciada pelo Imperador sultão e líder mogol Akbar (1556 – 1605), em 1565, simultaneamente à fundação oficial da cidade de Agra como sua própria capital, em 1568 (que já existia anteriormente). O forte atual levou oito anos para ser finalizado, em 1573, a um custo de quatro mil trabalhadores labutando diariamente no intento.

Outras adições significativas ao forte foram feitas, sobretudo pelo neto de Akbar, Shah Jahan, usando seu material favorito, o mármore branco. O forte foi construído principalmente como uma estrutura militar, mas Shah Jahan o transformou em um palácio e, mais tarde, a estrutura tornou-se sua prisão dourada por oito anos, depois que seu filho Aurangzeb tomou o poder, em 1658.

A história conta que, a pouco tempo do término da obra do Taj Mahal, em 1657, Shah Jahan adoeceu gravemente e seu filho, Shah Shuja, declarou-se imperador em Bengala, enquanto Murad, com o apoio do seu irmão Aurangzeb (outro filho de Shah Jahan), fazia o mesmo em Gujarat. Quando Shah Jahan, caído doente no seu leito, se rendeu aos ataques dos seus filhos, Aurangzeb firmou-se como novo imperador. Depois da Batalha de Samogarh, em 1658, Aurangzeb cortou o fornecimento de água do Forte de Agra, obrigando à rendição de seu pai. O novo rei aprisionou, então, o próprio pai, mas permitiu que Shah Jahan continuasse a viver exilado no Forte de Agra. Os relatos contam que ele passou o resto dos seus dias observando pela janela o Taj Mahal, relembrando dias felizes ao lado da amada Mumtaz.

observando o Taj de longe...

observando o Taj de longe…

Depois da sua morte, em 1666, Aurangzeb sepultou-o no alvo mausoléu lado a lado com a esposa, gerando, como já mencionado, a única ruptura da perfeita simetria do conjunto do Taj.

Os muros colossais do forte se elevam a mais de 20m de altura e medem 2,5 quilômetros de circunferência. O rio Yamuna originalmente fluía ao longo da reta oriental da borda do forte e os imperadores tiveram seus próprios ghats de banho no local (sabe-se que o sistema de captação e distribuição de água para o forte é tão sofisticado que, até hoje, não foi totalmente compreendido). O forte contém um labirinto de edifícios, formando uma cidade dentro da cidade, incluindo vastas secções subterrâneas, embora muitas das estruturas tenham sido destruídas através dos anos por Nadir Shah, pelos marathas, os jats e finalmente pelos britânicos, que usaram o forte como uma guarnição. Ainda hoje, grande parte do lugar é usada pelos militares e, por isso, está fora da visitação do público em geral.

A Porta Amar Singh, voltada para o sul, é o único ponto de acesso para o forte atualmente e onde estão os guichês para a compra dos bilhetes de entrada (Rathore Amar Singh era um guerreiro leal a Shah Jahan). Seu projeto foi concebido para confundir os atacantes que conseguissem passar a primeira linha de defesa da estrutura – o fosso infestado de crocodilos.

porta Amar Singh

porta Amar Singh

Um caminho leva direto, a partir da entrada, até a grande Moti Masjid (Mesquita de Pérolas), que é sempre fechada ao público.

ao fundo, as cúpulas brancas são da mesquita fechada ao público

ao fundo, as cúpulas brancas são da mesquita fechada ao público

À direita, logo antes de chegar ao Moti Masjid, encontra-se o Diwan-i-Am (Salão de Audiências Públicas, 1628 – 1635), que foi usado por Shah Jahan para os negócios do governo nacional; ele dispõe de uma sala do trono (jharokha), onde o imperador ouvia peticionários. Antes desse salão, esse tipo de reunião se dava em tendas ou salas de madeira armadas no forte, no mesmo pátio. O salão foi convertido em depósito de arsenais pelos britânicos, no século XIX, e posteriormente restaurado por arqueólogos indianos. Shan Jahan ergueu salas similares nos fortes de Lahore e Déli.

Diwan-i-Am

Diwan-i-Am

Diwan-i-Am

Diwan-i-Am

Diwan-i-Am

Diwan-i-Am

Diwan-i-Am

Diwan-i-Am

lugar do trono

lugar do trono

Na frente dela, está o pequeno e um pouco incongruente túmulo de John Colvin, um tenente governador das províncias do noroeste, que morreu de uma doença no forte, durante a revolta de 1857 (a primeira guerra da independência indiana).

túmulo

túmulo

Uma pequena escada logo à esquerda do trono do Diwan-i-Am leva até um grande pátio. À esquerda, está a pequena, mas requintada Nagina Masjid (Mesquita das Pedras Preciosas ou Mesquita da Joia), construída em 1635 por Shah Jahan, para as damas da corte. Mais abaixo, era o local do bazar das senhoras, onde as damas da corte compravam mercadorias.

Do outro lado do pátio grande, ao longo da parede leste do forte, há o Diwan-i-Khas (Salão de Audiências Privadas), que era reservado para dignitários importantes ou representantes estrangeiros. O salão abrigava o legendário trono em forma de pavão de Shah Jahan, que era incrustado com pedras preciosas, incluindo o famoso diamante Koh-i-Noor. O trono foi levado para Déli por Aurangzeb e, em seguida, para o Irã, em 1739, por Nadir Shah, sendo desmontado após o seu assassinato, em 1747.

Com vista para o rio e para o distante Taj Mahal, é possível ver a Takhti-i-Jehangir, uma enorme laje de rocha preta com uma inscrição em torno da borda, em persa. O trono de 1602 que esteve sobre ela foi feito para o imperador Jehangir, quando ele era o príncipe Salim e se revoltara contra seu pai, Akbar. Ele se tornou imperador em 1605 – coroado no forte – e o trono permaneceu em Agra. De seu trono, o imperador assistia às comuns brigas de elefantes executadas no forte.

lage de pedra negra, onde ficava o trono

lage de pedra negra, onde ficava o trono

À direita, a partir desse ponto, diante do rio, encontra-se o Sheesh Mahal (ou Shish Mahal – Palácio de Espelhos, 1631 – 1640), com paredes incrustadas com pequenos espelhos. O salão foi construído por Shan Jahan como Palácio de Verão. Havia tanques de água com fontes e uma queda d’água, todos ligados por canais, no salão, que refrescavam o calor escaldante de Agra, funcionando como ar condicionado.

Mais ao longo da borda oriental do forte, se podem ver a Musamman Burj e o Khas Mahal; a Musamman Burj é uma maravilhosa torre e palácio octogonal, em mármore branco, onde Shah Jahan foi aprisionado, durante oito anos, até sua morte em 1666, e de onde podia olhar para fora o Taj Mahal e o túmulo de sua esposa. Quando da sua morte, o corpo de Shah Jahan foi levado para o Taj de barco. Perto da torre, a agora fechada Mina Masjid (Mesquita Celestial) era a mesquita privada de Shan Jahan, feita totalmente em mármore branco, porém com simplicidade, entre os anos de 1631 e 1640. É dito que Shah Jahan somente se restringiu à sua torre e à mesquita privativa, durante seu encarceramento no Forte de Agra.

a torre Musamman Burj

a torre Musamman Burj

vista

vista

vista

vista

De frente para o rio está o Khas Mahal com seus salões em mármore, arcos e pilares em estilo hindu. Esse era o palácio do rei. Seu interior é ricamente decorado, mas seu estado de conservação não é lá dos melhores. Algumas alas estão fechadas para visitas. Nas suas laterais, dois pavilhões com telhados bangaldar, inspirados nas cabanas bengalis supostamente eram das princesas e tinham nichos que serviam como esconderijo para suas joias.

Khas Mahal

Khas Mahal

Khas Mahal

Khas Mahal

O grande pátio aqui é o Anguri Bagh (Jardins das Uvas), um jardim que foi trazido de volta a vida nos últimos anos.

jardim Anguri Bagh

jardim Anguri Bagh

jardim Anguri Bagh

jardim Anguri Bagh

jardim Anguri Bagh

jardim Anguri Bagh

No pátio, há uma pequena entrada – bloqueada atualmente – que leva até um lance de escadas a dois andares labirínticos subterrâneos, onde Akbar mantinha seu harém – zenana. É sabido que todas as mulheres do imperador sultão somente tinham contato com homens eunucos – castrados – para que jamais tivessem envolvimentos físicos e possíveis filhos bastardos com funcionários. Quem os castrava geralmente era a esposa mais velha do imperador.

Mais ao sul, o enorme palácio de arenito vermelho – Palácio de Jehangir – provavelmente construído por Akbar para seu filho Jehangir, combina os estilos arquitetônicos indianos e da Ásia Central, um lembrete das raízes culturais afegãs dos mogóis.

Palácio de Jehangir

Palácio de Jehangir

Palácio de Jehangir

Palácio de Jehangir

Palácio de Jehangir

Palácio de Jehangir

Palácio de Jehangir

Palácio de Jehangir

Palácio de Jehangir

Palácio de Jehangir

Palácio de Jehangir

Palácio de Jehangir

Palácio de Jehangir

Palácio de Jehangir

Palácio de Jehangir

Palácio de Jehangir

Um tanque de mármore era usado para banhos com pétalas de rosas, pelas imperatrizes.

tanque de banho

tanque de banho

Na frente do palácio, se encontra a Hauz-i-Jehangir, uma enorme taça esculpida em um único bloco de pedra, utilizada para o banho. Passando por ela, chegamos de volta ao caminho principal para a Porta Amar Singh.

Muitas das estruturas mais atuais de Akbar foram destruídas por Shah Jahan para dar lugar aos seus palácios de mármore branco; mais destruição ocorreu no século XVIII, quando os marathas (tribo guerreira do Rajastão) tomaram o forte e também em outras batalhas que se seguiram, mas a destruição mais significativa do Forte de Agra se deu com os ingleses, entre 1803 e 1862 (em 1857, na revolta dos Sipais, o forte virou um campo de batalha). Posteriormente, o local passou por restaurações completas, mas ainda falta muita manutenção.

Na saída, vimos uma cena muito inusitada: um dos macacos do forte correu furtivamente atrás de um turista, agarrou uma sacolinha plástica em cheio e subiu como um foguete para uma área segura, abrindo seu prêmio. Os macacos ladrões são comuns na Índia e estão sempre atrás de sacolas com comida; por isso, cuidado ao dar sopa com sacos mal segurados.

observando

observando

já viu o alvo

já viu o alvo

se aproxima...

se aproxima…

pega e foge

pega e foge

come o lanche tranquilamente

come o lanche tranquilamente

Mais fotos do Forte de Agra.

Forte de Agra

Forte de Agra

Forte de Agra

Forte de Agra

Forte de Agra

Forte de Agra

Forte de Agra

Forte de Agra

Forte de Agra

Forte de Agra

Forte de Agra

Forte de Agra

Forte de Agra

Forte de Agra

Forte de Agra

Forte de Agra

Forte de Agra

Forte de Agra

vista do Forte de Agra

vista do Forte de Agra

vista do Forte de Agra

vista do Forte de Agra

O Forte de Agra é um belo exemplo da arquitetura mogol, que deve ser visitado na passagem pela cidade. Na verdade, a celebridade do Taj Mahal consegue ofuscar qualquer outro ponto turístico da região, mas é fato de que há muito além do famoso mausoléu em Agra. Mais atrações da cidade e da região, como tumbas monumentais, templos, palácios e jardins, serão descritas abaixo. Uma pena que nós “demos uma de turista”, ficamos um dia apressado na cidade, e não as visitamos, mas deixo aqui a recomendação.

O Mausoléu de Akbar, o Grande é uma dessas tumbas que merecem visitação; está perto de Agra, em um vilarejo chamado Sikandra, a cerca de 10 km da cidade. O Mausoléu de Akbar celebra o maior dos imperadores mogóis. Entra-se no enorme pátio, onde está o edifício com a tumba, através de um impressionante portal. O espaço tem minaretes de três andares em cada canto e é construído de arenito vermelho incrustado contundentemente com padrões geométricos em mármore branco. O ingresso para estrangeiros custa 110 rúpias.

portão principal da Tumba de Akbar (reprodução de foto da Internet)

portão principal da Tumba de Akbar (reprodução de foto da Internet)

O Túmulo de Mariam-uz-Zamani é o mausoléu de Mariam-uz-Zamani, a consorte hindu do imperador mogol Akbar. O túmulo foi construído por Jahangir, em memória de sua mãe Mariam-uz-Zamani e está também localizado em Sikandra, na área suburbana de Agra.

Tumba de Mariam (reprodução de foto da Internet)

Tumba de Mariam (reprodução de foto da Internet)

Outra atração na mesma linha é a tumba de I’tmad-Ud-Daulah (chamada de o “mini Taj”), no centro da cidade de Agra.

A Tumba de I’tmad-Ud-Daulah também tem o valor de 110 rúpias de entrada para não indianos. Apelidada de o Bebê Taj (Baby Taj) ou Mini Taj, a tumba requintada de Mizra Ghiyas Beg deveria ser mais visitada do que, de fato, é. Todos vão a Agra para ver exclusivamente o Taj Mahal e desperdiçam oportunidades de apreciar outras belezas da cidade, como essa magnífica atração.

O nobre persa Mizra Ghiyas Beg se mudou para a Índia no reinado de Akbar; ele era o avô da imperatriz Mumtaz Mahal e o Primeiro-Ministro do governo do imperador Jehangir, filho de Akbar. Jehangir casou-se com a filha de Mizra Ghiyas Beg, chamada Nur Jahan, e, ao tornar o sogro Mizra Ghiyas Beg ministro de seu reinado, deu a ele o título de Itimad-ud-Daulah, que quer dizer “fundamental para o Estado”.

Nur Jahan construiu o túmulo de seu pai entre 1622 e 1628, em um estilo semelhante ao túmulo que ela construiu para o marido Jehangir perto de Lahore, no Paquistão. Sem dúvida, o Baby Taj – que serviu de inspiração para o posterior projeto do Taj Mahal – comove seus visitantes com um delicado trabalho de incrustações de pedras e jalis (telas de mármore em treliça) finamente esculpidos. Essa foi a primeira estrutura mogol totalmente construída em mármore e a pioneira em fazer uso extensivo de “pietra dura” (técnica de incrustação utilizando pedras coloridas, muito polidas, cortadas em formatos específicos e encaixadas para formar imagens, como vimos tanto no Taj Mahal). O túmulo também foi o primeiro a ser construído nas margens do rio Yamuna, que até então só tinha uma sequência de belos jardins.

Tumba de Itmad-Ud-Daulah (reprodução de foto da Internet)

Tumba de Itmad-Ud-Daulah (reprodução de foto da Internet)

Itmad-Ud-Daulah (reprodução de foto da Internet)

Itmad-Ud-Daulah (reprodução de foto da Internet)

É possível combinar uma viagem à tumba de I’tmad-Ud-Daulah juntamente com outros lugares como Chini-ka-Rauza, Mehtab Bagh e Ram Bagh, todos do lado leste do rio, na área central de Agra.

O Chini-ka-Rauza é uma tumba dedicada a Afzal Khan Mullah, um poeta que trabalhou como Ministro-Chefe de Shah Jahan; ela foi construída, em estilo persa, entre os anos de 1628 e 1639. Raramente visitada, a tumba, também conhecida como Tumba Chinesa, está escondida abaixo de uma avenida sombreada de árvores, na margem leste do Yamuna. Azulejos azuis brilhantes, que cobriram uma vez todo o mausoléu, ainda podem ser vistos na parte exterior, enquanto o interior é pintado com projetos florais.

Chini Ka Rauza (reprodução de foto da Internet)

Chini Ka Rauza (reprodução de foto da Internet)

pietra dura em Chini Ka Rauza (reprodução de foto da Internet)

pietra dura em Chini Ka Rauza (reprodução de foto da Internet)

O Mehtab Bagh é um parque, originalmente construído pelo imperador Babur, como o último de uma série de onze parques na margem leste do Yamuna. Muito antes do Taj Mahal ter sido concebido, esse parque caiu em desuso até que se transformasse em pouco mais de um enorme monte de areia. Posteriormente, para proteger o Taj dos efeitos erosivos da areia soprada do outro lado do rio, o parque foi reconstruído em anos recentes e é agora um dos melhores lugares para se observar o Taj Mahal de longe. Os jardins do Taj são perfeitamente alinhados com os jardins do Mehtab Bagh e a vista para o Taj da fonte diretamente na frente do portão de entrada é a mais festejada.

Taj visto do parque (reprodução de foto da Internet)

Taj visto do parque (reprodução de foto da Internet)

Mehtab Bagh (reprodução de foto da Internet)

Mehtab Bagh (reprodução de foto da Internet)

Era possível antigamente esgueirar-se para a margem do rio, a partir desse parque, e observar o Taj de graça, em um ambiente tranquilo e natural; hoje, porém, guardas e uma cerca de arame farpado impedem que se ande livremente ao longo da borda da água.

O Ram Bagh, a cinco quilômetros do Taj Mahal, também na margem leste do rio, é o mais antigo jardim mogol da Índia, construído pelo imperador Babur, em 1528.

Outras atrações de Agra são o Templo Mankameshwar, a Jama Masjid, o Bazar Kinari, o Guru Ka Tal e a cidadela de Fatehpur Sikri.

O Templo Mankameshwar é um templo hindu, às margens do rio, dedicado ao Lord Shiva.

Templo Mankameshwar (reprodução de foto da Internet)

Templo Mankameshwar (reprodução de foto da Internet)

A Mesquita de Jama Masjid foi construída no Kinari Bazaar por Shah Jahan, em 1648, e dedicada à sua filha preferida, Jahanara Begum; antigamente, ela era conectada ao Forte de Agra (hoje, está do outro lado da rodovia) e suas características marcantes incluem a padronização do mármore em suas belas cúpulas. A Jama Masjid, também chamada de Jami Masjid ou Mesquita da Sexta-Feira, é uma das maiores mesquitas da Índia.

Jama Masjid (reprodução de foto da Internet)

Jama Masjid (reprodução de foto da Internet)

As ruas estreitas atrás da Jama Masjid são um labirinto louco de superlotadas vias repletas de coloridos mercados, conhecidos como Bazar Kinari. Há um número grande de bazares, cada um especializado em diferentes mercadorias. São roupas, sapatos, tecidos, joias, especiarias, trabalhos em mármore, barracas de comidas e muita gente! Surpreendentemente, há, de alguma forma, espaço para búfalos e até mesmo elefantes, que se espremem em meio à multidão. Os antigos balcões de madeira acima de algumas fachadas de lojas também devem ser apreciados.

O Guru Ka Tal é um local de peregrinação sikh (religião indiana), feito em homenagem ao nono guru, Sri Guru Tegh Bahudar Ji.

guru-ka-taal (reprodução de foto da Internet)

guru-ka-taal (reprodução de foto da Internet)

A 35 quilômetros de Agra, o marajá Akbar construiu a nababesca cidade de Fatehpur Sikri que foi abandonada.

Fatehpur Sikri foi fundada em 1569, pelo imperador mogol Akbar, e serviu como a breve capital do império mogol, de 1571 a 1585. Após suas vitórias militares sobre Chittor e Ranthambore, Akbar decidiu mudar sua capital de Agra para um novo local a 37 km da cidade, no cume Sikri, para homenagear o santo sufi Shaikh Salim Chishti, que previu o nascimento de um herdeiro ao trono mogol. Depois da profecia se realizar, ele começou, no local escolhido, a construção de uma cidade murada planejada, que levou os próximos quinze anos entre o planejamento e a construção de uma série de portais colossais de entradas, palácios reais (os três palácios magníficos da cidadela foram construídos para cada uma das esposas favoritas de Akbar; uma era hindu, uma muçulmana e uma cristã), haréns, tribunais, uma majestosa mesquita (jama masjid, ainda em uso atualmente), quartos privados e outros edifícios públicos. Ele nomeou a cidade Fatehabad, com “fateh”, uma palavra de origem árabe, em persa, que significa “vitorioso”, que mais tarde foi chamada de Fatehpur Sikri. É em Fatehpur Sikri que as lendas de Akbar e seus cortesãos famosos, os nove joias ou Navaratnas, nasceram. Fatehpur Sikri é uma das coleções mais bem preservadas da arquitetura indiana mogol na Índia (uma obra de arte indo-islâmica).

A cidade, infelizmente planejada em uma área que sofria em escassez de água, foi abandonada logo após a morte de Akbar. É fácil visitar este Patrimônio Mundial com um dia a mais na viagem a Agra.

Para saber mais: https://en.wikipedia.org/wiki/Fatehpur_Sikri

Fatehpur Sikri foi uma capital para o império por muito pouco tempo. Agra manteve-se, em grande parte, como a antiga capital do império muçulmano mogol, que dominou boa parte do território de Índia e Paquistão entre os séculos XVI e XVIII. Esse império foi liderado por senhores que amavam a guerra, mas também cultivavam o gosto pelo belo. Entre seus legados na região estão, como vimos, três Patrimônios da Humanidade: o Forte de Agra, a fracassada cidadela de Fatehpur Sikri e o Taj Mahal, o mausoléu que celebrava não o culto a um homem poderoso, mas o seu amor por sua esposa favorita (o imperador Shah Jahan foi um prolífero mecenas, com recursos praticamente ilimitados. Sob a sua tutela construíram-se também os palácios e jardins de Shalimar, em Lahore (hoje Paquistão), também em honra da sua esposa).

Agra perdeu sua importância depois de Shah Jahan mudar a capital para Déli, oficialmente em 1638, embora continuasse a viver na pequena cidade.

Atualmente, Agra está pobre, empoeirada e decadente. A herança artística dos imperadores mogóis Humayun, Akbar, Jahangir e Shah Jahan persiste resistentemente, mas sofre com as mazelas da Agra moderna, uma cidade com um milhão e setecentos mil habitantes. Apesar de belas, as atrações imploram por mais manutenção, privilégio aparentemente exclusivo do Taj Mahal.

Agra se localiza hoje a cerca de 200 km de Nova Déli. Há um aeroporto nas proximidades, estação de trem e rodoviária, não sendo difícil o acesso a ela (diferentemente das cidades menos turísticas do Rajastão).

Devido às monções, Agra tem um verão bastante chuvoso, que dura desde o começo de julho até o início de setembro, causando até enchentes, não sendo a época, portanto, recomendada para visitas turísticas. As outras estações do ano são secas e mais propícias a se admirar o esplendor do Taj Mahal, como a beleza das outras atrações.

Agra faz parte do chamado “Triângulo de Ouro da Índia”, que inclui as cidades de Jaipur, capital do estado do Rajastão, e Déli/Nova Déli, a capital do país. Muitas agências de turismo anunciam o triângulo como indispensável na sua viagem à Índia e, de fato, para quem tem pouco tempo, ele é mesmo o que não se pode perder no país (como ir a Roma e não ver o papa). Claro que não só de pontos turísticos se faz um mochileiro e, assim, eu recomendo um tour completo pelo Rajastão, assim como a visita a outras metrópoles indianas, como Mumbai e Calcutá, e idas ao norte e ao sul do país, em regiões como Kashmir e Kerala, assim como as praias de Goa. O Triângulo de Ouro seria somente uma introdução à Índia…

Depois, então, de visitarmos o Taj Mahal e o Forte de Agra, retornamos ao hotel durante a tarde. Se eu tivesse feito mais pesquisa sobre o que ver em Agra, teria pedido um dia a mais na cidade para, ao menos, ver o Baby Taj e Fatehpur Sikri. Infelizmente, faltou mesmo pesquisar mais antes de chegar à cidade…

vista do terraço do hotel por do sol

vista do terraço do hotel por do sol

vista do terraço do hotel

vista do terraço do hotel

Enfim… Nesse dia, nosso motorista Anil nos deixaria e nós seguiríamos sozinhos, de trem, por mais duas cidades incluídas no pacote turístico que havíamos comprado em Déli. Nesse momento, já tendo saído do Rajastão e estando em uma área turisticamente mais saliente do país, viajar independentemente já era mais possível ou recomendável. Como nosso trato era de o Anil nos levar até a estação de trem de Agra, e ele quis ir embora mais cedo para a capital Déli, nós resolvemos tirar o valor do tuk-tuk da gorjeta do dito cujo. Ao invés de darmos mil, que era a nossa ideia inicial, demos oitocentos e cinquenta. Ele ficou muito injuriado! Puto mesmo! Reclamou um montão, pediu mais, chorou as pitangas e nós simplesmente demos as costas e entramos no hotel. Fiquei incomodada com a atitude, mas não achava que ele merecia mais. O trabalho dele tinha sido medíocre. Era mesmo só dirigir…

Depois de almoçarmos no mesmo restaurante do dia anterior, tomamos um bom chá de cadeira esperando na recepção do hotel, pelo trem para a próxima cidade, que só partiria às onze da noite. Já na estação, nos distraímos e tivemos um acesso de riso com mais um episódio de “Family Guy”, que costumávamos assistir no celular do Michael.

O trem chegou no horário e, umas 11h30min, embarcamos. O vagão da nossa classe, que era para ser uma das melhores, tinha ar condicionado e “camas”. De um lado do corredor, cabines com seis camas, três de frente para três, como um treliche, num ângulo de 90 graus com a parede do trem (a cama bem de cima é até difícil de chegar). Do outro lado do corredor, nivelando com a parede, mais cabines de duas em duas, beliches. Acontece que não são exatamente cabines. Há divisórias, mas as seis em seis e duas em duas são “fechadas” com cortininhas. Então, dá uma impressão de sujeira. Havia ratos enormes na estação e apesar do vagão em si parecer limpo, eu fiquei com nojo de tudo. Cada cama tem um pacote embrulhado em papel com dois lençóis pequenos, um travesseirinho e um cobertor. O cobertor nem usei. Coloquei as duas mochilas na cama e fui dormir. Michael ficou na parte de cima e a mochila dele em baixo da minha cama, o que também me deixou preocupada. Toda hora, eu ia checar se ela ainda estava lá. O trajeto era pouco mais de 400 km, mas o trem parava demais. Chegamos à estação da cidade de Khajuraho umas sete da manhã.

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