Copacabana

Copacabana

Era dia 3 de setembro e nosso ônibus chegava a Copacabana, na Bolívia. Logo na avenida de entrada da cidade, encontramos um hotel que tinha uma diária acessível – 40 bolivianos o quarto privativo – e parecia bom (Hotel Colonial). O quarto era limpo e bem agradável, tinha chuveiro a gás quente e TV a cabo. O WIFI, entretanto, só pegava da recepção. Eram 11h30min e nós adiantamos o horário para 12h30min, já que o fuso horário na Bolívia mudava. Saímos para almoçar e dar uma explorada no local.

Copacabana é uma cidade bem pequena; está a 155 km de La Paz e a mais de 3800 metros de altitude. Seu nome Copa – cahuana significa “vista do lago” ou “mirante da pedra preciosa” em Aimará, Língua dos indígenas da Bolívia e ela, apesar de bastante simples, é a cidade mais importante das margens do Titicaca do lado boliviano. Copacabana não tem muito a oferecer, além de ser base para os passeios no lago Titicaca. Há hotéis, restaurantes, muitas lojas de artesanato e vestuário, o Morro do Calvário, de onde se pode ter uma vista total da cidade, e a Igreja Nossa Senhora de Copacabana, construída em 1550 sobre uma antiga huaca, na época da invasão espanhola; o prédio atual da basílica é de 1805.

Copacabana (reprodução de foto da Internet)

Copacabana (reprodução de foto da Internet)

Morro do Calvário

Morro do Calvário

Copacabana

Copacabana

Copacabana

Copacabana

igreja

igreja

detalhe da porta

detalhe da porta

Nós caminhamos um pouco e fechamos em seguida, para o dia seguinte, um passeio às Ilhas do Sol e da Lua pela agência Titicaca Tours, na Avenida Seis de Agosto, bem próxima ao nosso hotel e ao porto do lago (titicacabolivia@yahoo.com.ar/ (591-2) 8622060/ www.TiticacaBolivia.com). Nosso tour à Ilha do Sol, que é muito grande, incluía a parte sul de Yumani, e não a parte norte de Challapampa (geralmente, os passeios a essa ilha ou vão à parte norte ou à parte sul, nunca às duas juntas); além da Ilha do Sol, visitaríamos a Ilha da Lua também. O valor que somente incluía transporte foi de 30 soles individuais.

No restante da tarde, andamos mais um pouquinho pelo centrinho e pelas muitas lojas de artesanato e voltamos ao hotel. O sol batia no quarto durante a tarde e o deixava quentinho até a noite. Melhorei até de humor, que estava meio baqueado, e lavei um monte de roupa no chuveiro, já que as lavanderias da cidade estavam caríssimas.

Dia 4 de setembro, levantamos cedo e tomamos café correndo antes do tour. Café fraquinho oferecido pelo hotel, mas encheu a pança. Fomos ao porto e estava muito frio! O barco saiu por volta das 8h40min para a Ilha da Lua, aonde chegamos onze da manhã aproximadamente. O vento estava tão gelado durante o trajeto que não deu para ficar na parte de cima da embarcação que era aberta; desci e tentei ficar abrigada na parte de baixo. Na chegada à ilha, fomos deixados a sós para explorar o entorno. Encontramos um brasileiro de Mato Grosso agradabilíssimo que se juntou a nós e deixou o dia bem menos chato, já que francamente para mim, o lado boliviano do Titicaca é completamente dispensável.

porto de Copacabana

porto de Copacabana

porto de Copacabana

porto de Copacabana

Na Ilha da Lua, também conhecida por Koati, há por volta de 25 famílias assentadas, que sobrevivem da pesca, agricultura, artesanato e turismo. Ali, nós caminhamos cerca de uma hora e meia em trilhas, subindo e descendo escadarias de pedra. Chegamos ao Templo das Virgens, mas só o Michael entrou, pois ele custava 10 Bolivianos e já dava para ver de fora, através dos alambrados.

Templo das Virgens

Templo das Virgens

Templo das Virgens

Templo das Virgens

O Templo das Virgens ou Iñak Uyu é uma construção da época incaica, que seguiu a ocupação aimará na ilha. O templo era um local de culto à mulher, considerada esposa do sol; nessa casa de mulheres, conhecida também como Ajllahuasi ou lugar de encontro das virgens escolhidas, uma anciã superiora chamada Mamacona guiava e instruía as moças ao culto, além de lhes indicar os trabalhos que deveriam fazer. Era uma grande honra e status fazer parte desse seleto grupo de mulheres da sociedade.

Templo das Virgens

Templo das Virgens

Templo das Virgens

Templo das Virgens

A subida de volta foi difícil, muito cansativa. Ao mesmo tempo em que fazia frio, o céu estava aberto e a gente suava sob o sol forte; suor e frio, receita para resfriado!

subidinha difícil

subidinha difícil

subindo

subindo

Ilha da Lua

Ilha da Lua

Ilha da Lua

Ilha da Lua

Ilha da Lua

Ilha da Lua

Depois do meio-dia, deixamos a Ilha da Lua e fomos para parte sul da Ilha Sagrada do Sol, na comunidade Yumani. Devemos pagar o valor de cinco Bolivianos de ingresso no momento do desembarque.

Na parte sul da Ilha do Sol, há alguns sítios arqueológicos deixados pelas civilizações inca e aimará (pré-inca). Porém, já era início da tarde quando chegamos e o tempo de permanência no lugar não é grande. Não dá, dessa maneira, para fazer muita coisa. Visitar a Ilha da Lua de manhã e parte da Ilha do Sol no mesmo dia à tarde é pouco para quem quiser, de fato, conhecer as ruínas; como eu disse, o horário de chegada à Ilha do Sol é depois do meio-dia e nós tempos cerca de duas horas para permanecer ali, até um pouco menos; assim, almoçar e visitar os lugares que são longe do porto são demais para o curto período de tempo. Os meninos até tentaram, mas desistiram depois de concluir que não teriam tempo suficiente. Há muitas escadas para subir e as ruínas estão além da montanha. Eu fui até certo ponto, mas perdi a vontade no caminho; fiquei observando a paisagem sentada ao lado de uma fonte; confesso que, depois de Cusco, eu também já estava meio saturada de ruínas incas. Pelas duas da tarde, Michael e Carlos voltaram antes de alcançar os vestígios arqueológicos e fomos almoçar em um dos dois restaurantes da ilha, enquanto observávamos um casal louco de gringos de roupas de banho nadando no lago.

Ilha do Sol

Ilha do Sol

escadas na Ilha do Sol

escadas na Ilha do Sol

Ilha do Sol

Ilha do Sol

flor típica

flor típica

fonte

fonte

Ilha do Sol

Ilha do Sol

Eu estava mesmo com vontade de voltar para o hotel. Deixamos a ilha perto das três e meia da tarde e retornamos ao porto de Copacabana duas horas e meia depois; eu até babei dormindo no barco. Parece que ele avançava a um km/h de tão lento! A viagem estava muito entediante. Metade do passeio, na verdade, é o transporte; então, honestamente é muito chato. A Ilha da Lua tem uma paisagem bonita e até que é interessante, mas nós somente visitamos a Ilha do Sol para almoçar mal, pagar caro e andar num barco bem desconfortável (até para usar o banheiro na ilha, nós pagamos dois bolivianos). Então, meu conselho é dispensar totalmente a parte boliviana do lago Titicaca e nem ir a Copacabana, já que a parte peruana vale muito mais a pena; ou se o desejo de conhecer a Ilha do Sol for realmente grande, a ideia deve ser passar um dia inteiro ali para realmente ter tempo de visitar as ruínas, que são o Palácio de Pilcocaina, a Chinkana ou Labirinto, a Escalinata del Inka, a Fonte da Juventude e Las Terrazas de cultivo pré-colombianas.

O único fato interessante que eu soube sobre a Ilha do Sol é que recentemente, em 2013, foram descobertas no lago, nas imediações dessa Ilha, peças de ouro e prata, ossos e cerâmicas datadas de 1500 anos. Uma equipe de arqueólogos subaquáticos da Universidade Livre de Bruxelas, na Bélgica, em conjunto com o Ministério da Cultura da Bolívia, declarou que cerca de 2000 objetos (dentre os quais 31 lâminas de ouro) e fragmentos de épocas inca e pré-inca foram resgatados do fundo do lago, em pesquisas do projeto Huiñaimarca, “povo eterno”, em Aimará. O fato ajuda a confirmar histórias sobre tesouros que os povos antigos teriam escondido no lago dos conquistadores espanhóis.

Enfim, de volta a Copacabana, nós demos mais uma volta pela cidade e encerramos o dia. Em 5 de setembro, nosso destino seria La Paz. Levantamos na hora de fazer o check-out, às dez da manhã, e descemos pra tomar o café que era incluído na diária. Deixamos as mochilas na sala de bagagens, já que o ônibus só sairia às 13h30min, e esperamos. Encontramos Carlos ao meio-dia e almoçamos juntos para nos despedir.

lhamas empalhadas

lhamas empalhadas

fetos de lhamas em Copacabana

fetos de lhamas em Copacabana

Nós compráramos as passagens de ônibus por 20 bolivianos ali mesmo em Copacabana, em uma das muitas agências de viagens perto do hotel; o busão saiu pontual e lotado de gringos da rua do nosso hotel mesmo e quase uma hora depois parou em um povoado; todos nós descemos e tivemos que atravessar uma parte do lago Titicaca, o Estreito de Tiquina, de lancha, na verdade, um barquinho nojento que leva o estranho nome de piroga. A passagem custou 1,5 bolivianos e a travessia é rapidinha. Enquanto nós vamos de piroga, o ônibus cruza de balsa e ele nós temos que esperar um tempinho. Chegamos a La paz depois das quatro horas da tarde.

piroga

piroga

travessia do bus

travessia do bus

banco de totora

banco de totora

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