Na estrada…

“Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver.”

Amyr Klink

Quando eu li essa frase pela primeira vez, tive uma identificação imediata!

Minha imaginação nunca foi suficientemente boa para se contentar em “viajar através dos livros”. Eu ansiava pelas minhas próprias experiências, e não por invejar as aventuras alheias; eu queria estar lá, por mim, no mundo, sentindo seus cheiros, provando seus sabores, ouvindo suas Línguas, presenteado os meus sentidos de tudo que não me fosse semelhante. O contraste sempre me atraiu e viver essa diferença na pele, viajando, é o que me mais motiva na rotina do dia a dia.

Viajar é prioridade, desde o gerenciamento do meu tempo até o destino do dinheirinho mensal; e comecei cedo, ainda na infância, quando visitava a família, espalhada por vários estados brasileiros. Na adolescência, não hesitei um segundo ao escolher entre uma festa de debutantes e uma viagem a Europa; dúvidas se entrar em um vestido de bombom e provavelmente me sentir desconfortável uma noite inteira ou 40 dias no velho continente, pelo mesmo preço? Lá fui eu para a minha primeira jornada ao exterior.

Fiz intercâmbios nos EUA, viagens curtas de férias e também trabalhei bastante. No início de 2012, estressada por um trabalho desgostoso e deprimida por problemas pessoais, “surtei” e decidi, finalmente, partir para a concretização do meu sonho de vida, uma viagem longa, de meses!

Assim, resolvi começar a escrever sobre essas experiências. Por mim, para me lembrar delas com mais nitidez e pelos outros, dando informações e dicas de viagens.

Recebi perguntas de como era possível simplesmente “largar tudo” e se aventurar no mundo. Lógico! Não sou totalmente ingênua para supor que um planejamento audacioso assim seja descomplicado. De jeito nenhum, não foi nada simples pra mim; tive que superar a culpa e um senso exacerbado de responsabilidade, enxergar que eu não era indispensável nos negócios da família, entender que eu não poderia limitar minhas vontades por causa da minha mãe ou perceber que meu cachorro não morreria se não me visse todos os dias. Eu consegui e tenho conseguido!

Se você tem o sonho de conhecer esse mundão, prepare-se! Junte o dinheiro, crie prioridades, venda o carro, largue o emprego por um ano! Nada é tão difícil de adquirir de volta se você tem força de vontade e saúde para trabalhar; não há desculpas! Tenha coragem!

Ah! Mas você tem uma carreira consolidada, família, filhos? Falta tempo? Parar por um ano está fora de cogitação? É compreensível…

Bom, entretanto, há por lei 30 dias de descanso por ano, chamam-se férias! Tire-as! É o suficiente! Leve a criançada, planeje com a família; viajar está financeiramente acessível pra qualquer um e tudo é possível!

Afinal, você trabalha para que? Pra ver a vida através dos livros e da TV? Pense nisso e viaje! É bem mais fácil do que se imagina!

Volte mais leve e mais feliz; mais grato com a sorte que tem, mais tolerante com as pessoas e confiante na humanidade. Volte bem!

Espero poder ajudar com esse blog, incentivando os indecisos ou facilitando a viagem daqueles que já estão na estrada, com descrições detalhadas dos meus erros e acertos, para que haja o mínimo de surpresas desagradáveis e o máximo de aproveitamento.

Abraços!

Ana Montandon Giacomi/ 2013

15 Comments

15 thoughts on “Na estrada…

  1. ‘ SENSACIONAL ! Estou louco para ler o desfecho da viagem desta AVENTURA ! 😀

  2. douglas dias

    Oi Ana, pretendo conhecer Cartagena no mês de junho. E como já esteve por lá, gostaria de saber se pra entrar naquele pais é preciso de visto e passaporte, se puder me dar essa diga, fico muito grato.

    • Olá Douglas, tudo bem?
      A Colômbia não exige nem passaporte e nem visto de brasileiros. Basta a carteira de identidade… Mas tem que ser a identidade; CNH não serve. O legal de levar o passaporte é ter um carimbozinho de mais um país 🙂
      Indo de avião, só lembre-se de ter no bolso, ao menos para o táxi, alguns pesos colombianos, pois não sei como está a cotação trocando no aeroporto (geralmente é muito caro!).
      Bom, ótima escolha por Cartagena. Você vai adorar! Já leu o relato: https://mochilana.wordpress.com/america-do-sul-2012/colombia/cartagena/
      Qualquer dúvida, pergunte! Abraços!

  3. vivian

    Ana, todo texto que você escrever você deve colocar nome e sobrenome do autor, no caso o seu, e a data da publicação!

  4. Muito bom, Ana! Além de uma ótima e corajosa aventureira, você é uma excelente escritora. Em sua descrição você usa um vocabulário rico, além de enriquecê-la com neologismos, o que nos dá uma perfeita compreensão do que aconteceu no seu trekking, além de dar um ótimo suspense. Merece um filme. Só li descrição semelhante em um livro intitulado “Da Guerilha ao Poder”, no ano de 1981. Esse livro pertencia a amigo, o qual nem sei por onde anda nos dias de hoje. Os relatos eram de autoria de Che Guevara, que tinha uma riqueza de detalhes impressionantes sobre a escalada da Sierra Maestra, em Cuba, na campanha dos revolucionários de Fidel Castro, a caminho de Havana, com o intuito de derrubar o ditador Fulgêncio Batista. Mas essa é outra história. Seus relatos aqui merecem um livro. Você já pensou nisso? Se não, pense. E se tiver como, adicione outras fotos dos outros membros do grupo, das cidades onde você passou e dos guias. Tudo isso pode ajudar futuros trekkings.

    • Nossa, Euripedes! Eu fiquei muito feliz com sua mensagem. Obrigada mesmo! Agradeço os elogios e seria um sonho para mim, escrever um livro… Quem sabe no futuro, com mais aventuras! Obrigada e tentarei postar mais fotos! 🙂

  5. Ana como fez para refazer sua vida após 2 anos de viagens? Não deve ter ficado barato

    • Elaine, estou há dias pensando em dar uma resposta objetiva a essa pergunta. Vou até escrever melhor sobre isso; mas tentando te adiantar, o que posso dizer é que, em primeiro lugar, viajar é menos caro do que a maioria das pessoas acredita. É possível, com alojamentos baratos, comida de supermercado e ajuda de sites como Couchsurfing e BlablaCar, viajar mais por bem menos. É claro que se gasta, já que evidentemente temos que pagar, na maior parte do tempo, para dormir, comer, entrar em museus, parques, etc. Entretanto, como disse, é bem menos do que a maioria dos nossos amigos tem certeza que a gente gasta (sempre ouvimos, a cada viagem: “Nossa! Vocês ganharam na MegaSena?” :-)). Em segundo lugar, juntar o dinheiro também é uma questão de prioridades. Meu marido e eu não bebemos, não somos de baladas, por exemplo, e é incrível o que se gasta para sair todos os finais de semana. Então, economizando aqui e ali e com um bom planejamento, é bem possível juntar o necessário a uma boa viagem. Bom, aí logicamente vem a questão do emprego. Realmente, pra quem tem uma carreira, não é nada fácil ficar meses sem trabalhar. É perfeitamente compreensível… No nosso caso, meu marido e eu temos empregos flexíveis, que nos garantem a possibilidade de dar uma pausa e procurar trabalho novamente no retorno da viagem. Eu dou aulas em escolas de inglês e o Ricardo é analista de sistemas. É preciso sim uma dose de coragem, pra pedir demissão, sair, gastar o que se economizou, voltar e procurar emprego novamente (sempre guardamos um pouco para algumas semanas ou meses nos quais estaremos nessa procura) e retornar a uma vida “normal”. Mas quando se tem uma vida barata – nós vivemos com simplicidade – é possível. Bem, de qualquer forma, é um assunto para muitas apreciações. Vou tentar escrever melhor sobre isso e vamos nos falando. Muito obrigada pela visita ao meu blog!!!

  6. Elisabete Gasparello

    Ana a sua introdução ao blog é inspiradora! Vou me deleitar com os detalhes de suas experiências, que conheci por breves relatos! Obrigada por as compartilhar. Beijo

  7. BEATRIZ ASSIS

    OLÁ ANA. COMO VAI? AMEI SEU BLOG. RIQUÍSSIMO. TEM MUITO DO MEU PERFIL: PARQUES NATURAIS, HISTÓRIA, DIFERENCIAL DE CADA CIDADE E OU LUGAREJO, BUSCA DE ALGO AINDA NÃO EXPLORADO E VISTO COM UMA ÓTICA DE MOSTRAR AQUELA MARAVILHA PARA QUE SE TENHA NOÇÃO DO QUANTO HÁ POR CONHECER, ALÉM DO QUE É VENDIDO À POPULAÇÃO, AO TURISTA. A ÚLTIMA DATA QUE VI COMENTÁRIOS FOI DE 2017. TEM ATUALIZAÇÕES DE VIAGENS? PQ NÃO ACREDITO QUE TEU ESPÍRITO TENHA TE DEIXADO PARAR……rsrs. PARABÉNS!!
    AGUARDO ANSIOSA….

    • Olá, Beatriz! Agradeço muitíssimo a sua mensagem! Me deixou feliz e motivada. Meu espírito de aventura jamais me deixaria parar! É um vício bom! Quem começa e aprende que viajar é possível e viável, não para mais! Na verdade, me desmotivei com o blog, apenas isso… Meu próximo projeto, junto com o marido, é uma viagem de motorhome até o Alasca. Pois é, me casei e estou fazendo um upgrade da mochila para uma carro hehehehe. Mas, me mande um contato seu. Vamos dividir nossas experiências nesse mundão! Bjos.

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