Pushkar

Pushkar

Saímos cedo a caminho de Pushkar, dia 29 de março. Na saída de Udaipur, há um número, no mínimo, surpreendente de marmorarias, indicando que o material até hoje continua sendo muito utilizado nas edificações indianas. Algumas tinham granitos verdes e vermelhos lindos, mas especialmente o que mais se via era o mármore branco mesmo. De resto, o de sempre no caminho: povoados pequeninos e muito lixo.

Chegamos a Pushkar no final da tarde, mas ainda saímos para dar uma olhada na cidade. Fomos até o lago sagrado, no qual as cinzas de Gandhi foram colocadas, e comemos um lanche – eu comi mingau – em um restaurante perto do lago.

A pequenina Pushkar, de 18 mil habitantes, é diferente de qualquer outra cidade no Rajastão. Não há um forte na colina ou um enorme palácio, como comumente esperamos de outros centros urbanos, nesse estado. Há, sim, muitos templos do hinduísmo, mais de 500 (80 são maiores e o restante é formado de pequeninos santuários). A cidade é, de fato, uma rota de peregrinação predominantemente hindu; ela é um dos cinco dhams sagrados (local de peregrinação) e todos os devotos têm o dever de visitá-la, pelo menos, uma vez na vida, com o castigo de nunca alcançarem a salvação, caso não o façam.

A atmosfera de Pushkar, que muitas vezes é chamada de “Tirth Raj” – o rei dos locais de peregrinação – é realmente mística e ela ferve com pujas (orações) regulares, gerando uma trilha sonora episódica de cantos devocionais, tambores e gongos pelo ar. Por todos os lados, vê-se gente professando sua fé, um número exagerado de vacas e ídolos, além de muitos rostos estrangeiros, já que a cidade vem, nos últimos anos, tornando-se um destino popular para turistas de outros países; o resultado é uma confusão de cenas religiosas e turísticas.

O lago da cidade é sagrado; segundo uma das lendas, ele foi criado a partir das lágrimas do Senhor Shiva, derramadas pela morte de sua esposa Satti; a história diz que quando ela morreu, Shiva chorou tanto e por tanto tempo, que suas lágrimas criaram dois lagos sagrados – um, o Pushkara (Lago Pushkar), perto de Ajmer, na Índia, e outro em Ketaksha, já no Paquistão, que significa literalmente “chovendo olhos”, em sânscrito. De acordo com a teologia hindu, o lago sagrado de Pushkar, assim como a cidade em si, surgiu quando o deus supremo Brahma deixou cair no chão uma flor de lótus. Tendo aparecido de um modo ou de outro, o principal lago de Pushkar, chamado exatamente de Holy Lake (Lago Sagrado) ou Pushkar Lake, é o cerne de toda a vila; tudo gira em torno dele. Com 400 templos de cor azul leitoso ao seu redor, o local atrai principalmente peregrinos, mas também crianças em busca de diversão, para nadar nas suas piscinas.

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

hotel em Pushkar

hotel em Pushkar

templos azulados em volta do lago

templos azulados em volta do lago

templos

templos

Cinquenta e dois ghats balneares (postos de apoio para rituais religiosos e funerários, que parecem piscininhas) cercam o lago, onde os devotos se banham nas águas sagradas. Muitos desses ghats foram construídos ou restaurados pelo líder Gurjara Pratihara, de Mandore, no século VII.

Se o turista quiser se juntar aos banhistas devotos (ou até às crianças, que só querem mesmo é brincar), é necessário fazê-lo com respeito, lembrando-se de que este é um lugar santo; não se pode fumar ou falar alto. Alguns ghats têm particular importância: Vishnu apareceu no Varah Ghat, na forma de um javali; Brahma se banhou no Brahma Ghat; e as cinzas de Gandhi foram aspergidas no Gandhi Ghat (anteriormente Gau Ghat).

ghats

ghats

ghats

ghats

ghats

ghats

ghats

ghats

banhistas

banhistas

banhistas

banhistas

banhistas

banhistas

crianças

crianças

crianças

crianças

A rua principal de Pushkar é um longo bazar, que vende qualquer coisa para agradar a fantasia do viajante, de bugigangas reluzentes a joias verdadeiras e lindas peças de roupas. Apesar do comercialismo, a cidade permanece autenticamente espiritual.

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Nós caminhamos em volta do lago e pelo mercado. Muito chata era a história de tirar os chinelos e ficar pisando em sujeira, desviando de merda de vaca e de cocô de pombo! (já que toda a área é cercada de templos, não se pode andar, nem ao ar livre, ao redor do lago sagrado, de sapatos).

muitos pombos

muitos pombos

Lago Sagrado

Lago Sagrado

Lago Sagrado

Lago Sagrado

Lago Sagrado

Lago Sagrado

Lago Sagrado

Lago Sagrado

Lago Sagrado

Lago Sagrado

Perto da rua principal, estava tendo uma festa e algumas crianças cantavam terrivelmente!

um dos muitos festivais de Pushkar

um dos muitos festivais de Pushkar

Pushkar

Pushkar

Demos uma volta no mercado e voltamos bem tarde para o hotel, que era uma porcaria – banheiro nojento e fedorento e água fria –, mas o pessoal muito simpático…

Dia seguinte, levantamos cedo e fomos caminhar. Andamos na cidade, novamente até o Lago Sagrado, o mercadão e almoçamos. Andamos demais!

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Encontramos um maravilhoso templo que estava sendo coberto por flores vermelhas e cor de rosa, eu chegavam em grandes sacos de pano brancos. Na verdade, o lugar não era tão bonito, mas a flores e as dezenas de macacos moradores dele nos surpreenderam positivamente. Michael mantinha uma distância segura dos animais, que nos olhavam desconfiados, atentos a qualquer movimento mais brusco.

templo das flores e dos macacos

templo das flores e dos macacos

templo das flores e dos macacos

templo das flores e dos macacos

templo das flores e dos macacos

templo das flores e dos macacos

templo das flores e dos macacos

templo das flores e dos macacos

templo das flores e dos macacos

templo das flores e dos macacos

templo das flores e dos macacos

templo das flores e dos macacos

templo das flores e dos macacos

templo das flores e dos macacos

templo das flores e dos macacos

templo das flores e dos macacos

templo das flores e dos macacos

templo das flores e dos macacos

templo das flores e dos macacos

templo das flores e dos macacos

templo das flores e dos macacos

templo das flores e dos macacos

templo das flores e dos macacos

templo das flores e dos macacos

templo das flores e dos macacos

templo das flores e dos macacos 

Em seguida, caminhamos até o Templo de Brahma (Brahma Mandir). Pushkar é a única cidade da Índia dedicada primordialmente a Brahma, o Deus Criador do hinduísmo. O motivo é um tanto quanto curioso. Segundo a lenda descrita nas escrituras hindus Padma Purana, Brahma soube que um demônio, Vajranash, estava matando suas crianças e incomodando as pessoas no local que ele escolhera para viver; então o Senhor entoou um mantra em uma flor de lótus, que era sua arma, e matou o demônio com ela. Durante essa luta, partes de flor caíram em três lugares diferentes, que foram mais tarde conhecidos como Jyaistha, Madhya e kanistha Pushkar (Pushkar significa, em sânscrito, “flor de lótus azul” – a palavra pushkar pode ser derivada da palavra “pushkarni”, que significa “lago”; ou ainda pode ser derivada da palavra “pushpa”, que quer dizer “flor” e “kar”, que significa “mão”). Após o embate, Brahma deveria realizar um yagna (um ritual hindu de fogo) para proteger a recém-criada Pushkar de demônios. Porém, para tanto, era necessária uma esposa. Acredita-se que durante a cerimônia de casamento de Brahma, sua futura esposa, Savitri (ou Saraswati), se atrasou. Brahma, enfurecido, decidiu casar-se com outra mulher, Gayatri, uma menina Gurjar. No entanto, quando Savitri chegou ao local do casamento e se deparou com seu futuro marido com outra mulher, declarou amaldiçoadamente que o Deus Criador não poderia ser adorado em nenhum outro lugar a não ser em Pushkar; fato levado muito a sério pelos seus seguidores.

Brahma Mandir

Brahma Mandir

Pushkar tem mesmo milhares de templos hindus, apesar de poucos serem realmente antigos. Muitos dos templos foram destruídos pelo imperador mogol Aurangzeb, além de outros líderes muçulmanos em conquistas diversas, e posteriormente reconstruídos. O mais famoso deles é justamente o Templo de Brahma, um dos raríssimos templos dedicados ao deus, no mundo, construído durante o século XIV (lembremos de que Bhama, juntamente com Shiva e Vishnu, forma a tríade suprema do hinduísmo). Outros templos de Brahma são Bithoor, em Uttar Pradesh, na Índia; Khedbrahma, em Gujarat, na Índia; na aldeia Asotra, perto da cidade do distrito de Barmer Balotra, no Rajastão; Uttamar Kovil (um dos Divya Desams), perto de Srirangam, Tamil Nadu; Carambolim, perto de Valpoi, no estado de Goa; Templo Mãe de Besakih, em Bali, Indonésia; e Prambanan, em Yogyakarta, também na Indonésia.

Há que se oferecer uma flor no templo de Brahma (10 rúpias, na entrada); em seguida, deve-se ir ao lago sagrado e oferecer mais flores, em uma bandejinha prateada que contém açúcar, umas cores em pó especiais e mais flores. Devemos pegar as flores com a mão direita, nunca com a esquerda, e nunca cheirá-las, pois o perfume é reservado somente para o deus Brahma (assim nos disseram). O templo do deus é marcado por uma torre vermelha e sobre a porta de entrada há o símbolo do ganso, de Brahma. No interior, o chão e as paredes são gravados com dedicatórias para os mortos e há uma imagem do deus, em tamanho natural. Apesar de saber-se que a estrutura atual do templo é do século XIV, acredita-se que o templo de Brahma tenha mais de dois mil anos. Não se podem tirar fotografias e as máquinas devem ser deixadas na entrada, com guardadores que cobram 10 rúpias pelo serviço.

Brahma Mandir (reprodução de foto da Internet)

Brahma Mandir (reprodução de foto da Internet)

ídolo de Brahma (reprodução de foto da Internet)

ídolo de Brahma (reprodução de foto da Internet)

Templo de Brahma (reprodução de foto da Internet)

Templo de Brahma (reprodução de foto da Internet)

Apesar da unicidade desse templo, o que eu mais gostei, porém, nas nossas andanças pela cidade, foi o simples santuário cheio de flores e de macacos. O único lugar na Índia que estava cheirando realmente bem! Não soube o nome desse templo, mas ficamos nele até mais do que no Templo de Brahma.

templo em Pushkar

templo em Pushkar

templo em Pushkar

templo em Pushkar

templo em Pushkar

templo em Pushkar

templo em Pushkar

templo em Pushkar

templo em Pushkar

templo em Pushkar

templo em Pushkar

templo em Pushkar

macacos comendo as pétalas

macacos comendo as pétalas

macacos em templo de Pushkar

macacos em templo de Pushkar

macacos em templo de Pushkar

macacos em templo de Pushkar

macacos em templo de Pushkar

macacos em templo de Pushkar

macacos em templo de Pushkar

macacos em templo de Pushkar

Voltamos e demos uma cochilada no hotel. Lá pelas cindo da tarde, saímos de novo para ir a um lugar especial na cidade. A vista do nascer do sol ou do por do sol sobre Pushkar, a partir do Templo Pap Mochani (Gayatri) ou Templo do Por do Sol, alcançado por uma trilha atrás do posto de ônibus Marwar, também vale a subida de 30 minutos, em meio a pedras e terra. O templo está em ruínas (ainda temos, porém, que tirar os tênis na área) e o que conta mesmo é a paisagem. As pessoas, especialmente os turistas, ficam por lá, deitados, relaxando e apreciando o por do sol.

Templo do Por do Sol

Templo do Por do Sol

vista da cidade

vista da cidade

vista da cidade

vista da cidade

muitos templos na cidade

muitos templos na cidade

turistas relaxando

turistas relaxando

deixem os sapatos aqui...

deixem os sapatos aqui…

vista

vista

vista

vista

vista

vista

por do sol

por do sol

por do sol

por do sol

A caminhada de uma hora até o topo da colina Saraswati ou Ratnagiri Hill também vale a pena, embora nós não a tenhamos feito. O Templo Saraswati (a mulher do Lord Brahma), feito em mármore, possui uma estátua da deusa e tem vista para o lago; é melhor ir antes do amanhecer, para aliviar o calor e capturar a melhor luz, ainda que a vista seja fantástica, a qualquer hora do dia. Interessante é que, durante o verão, a paisagem de Pushkar seca e tons amarronzados ganham força nas montanhas da cidade; no inverno, depois das monções, as colinas verdejam.

Templo de Saraswati, no topo da colina

Templo de Saraswati, no topo da colina

Templo de Saraswati, no topo da colina

Templo de Saraswati, no topo da colina

Obviamente, há um número enorme de outros templos que podem ser apreciados na região, como templos dedicados a Vishnu e Shiva e esses citados acima, mas o templo de Brahma é, sem dúvida, o mais importante. Se não houver muito tempo para se dedicar a vários santuários, no mínimo, o do deus Brahma.

Os safáris de camelos ou caminhadas a cavalo também são populares em Pushkar e há agências, na cidade, que oferecem esse serviço.

Outra atração famosa é a feira anual de camelos (Pushkar Camel Fair), realizada em outubro ou novembro. A Feira de Camelos de Pushkar dura cinco dias e esse é um período de relaxamento e alegria para os moradores. É a época mais movimentada do ano para eles, já que o evento é uma das maiores feiras de gado no país. Animais, incluindo mais de 50.000 camelos, são trazidos de muito longe para serem negociados e vendidos; e os melhores são premiados. Todos os camelos são limpos, lavados, adornados e alguns são curiosamente tosquiados para formar padrões; até barracas especiais são erguidas para vender adornos de pérolas e joias especialmente para os camelos. Há sinos de prata e pulseiras em torno de seus tornozelos que badalam quando eles andam. Um ritual interessante é o piercing do nariz de um camelo.

Pushkar é mesmo uma cidade interessante; muito suja e, ao primeiro olhar, feia e pobre, ela acaba cativando pela história – Pushkar é uma das mais antigas cidades existentes da Índia. A data de sua verdadeira origem não é conhecida, mas a lenda da flor de lótus associa Brahma com a sua criação. A cidade seduz também pela diferença: pelos coloridos trajes dos moradores, pela simpatia e espiritualidade locais, pela arquitetura de seus templos, pelos macacos em meio a flores cor-de-rosa com cheiro de jasmim e até pelas vacas em meio ao trânsito. Em um tour pelo Rajastão, Pushkar não pode faltar.

No dia 31 de março, partimos com o motorista Anil para Jaipur, a próxima parada do roteiro pela Índia.

Abaixo, mais da cidade.

templo em Pushkar

templo em Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

bom restaurante em Pushkar

bom restaurante em Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Pushkar

Blog at WordPress.com.