Puerto Varas

Puerto Varas

Chegamos a Puerto Varas, de ônibus, vindos de Valdívia, pela empresa Pullman Sur. O valor de cada passagem foi de 4000 pesos chilenos. Eram por volta de uma da tarde do dia 1º de outubro. O frio e o vento não animavam muito e eu tinha tanta fome que poderia matar um dos cervos da região a dentadas. Para melhorar meu humor, Michael me deixou com as malas na pequena garagem da empresa e saiu em busca de hospedagem. Coitado, ele não queria que eu me cansasse andando com ele, mas não sei o que foi pior, caminhar ou esperar mais de uma hora, sentada no tempo gelado e só pensando em comida! Quando ele voltou, se apressou em explicar que tinha encontrado um bom albergue no centro, mas eram oito quadras dali. Sempre na economia, lá fomos nós, feito formigas carregadeiras andando até o lugar… Ainda bem que era tudo descida.

O albergue foi uma escolha bem decente, devo dizer; bonito, limpo, com WIFI, computadores, cozinha muito bem equipada e café da manhã bastante sortido. Valia o preço: 8000 pesos chilenos a diária (Chimanga Hostel/ San Pedro 410, Puerto Varas/0056 65 275 5659/0056  9 78 836979/info@chimangahostel.cl/www.chimangaexpediciones.clwww.pescariomaullin.clwww.chimangahostel.cl). Enfim, ficamos nele e saímos para uma lanchonete ao lado para comer empanadas. Eu ainda cultivava um humor do cão. Voltei para o quarto e fiquei no computador até a noite.

albergue Chimanga

albergue Chimanga

Dia seguinte, levantei meio desanimada e sem nenhuma ideia do que faríamos. No roteiro do Michael, Puerto Varas tinha um espaço de cinco dias para várias atividades. Realmente, a região é bem servida de atrativos naturais, dentre os quais se sobressai o Parque Nacional Vicente Pérez Rosales, para onde nós iríamos naquela manhã, conforme me fora avisado por Michael. Depois de tomarmos café e pedirmos informações na recepção, saímos para um ponto de ônibus a umas três quadras do albergue. Foi bem fácil; embora o parque fique a mais de 60 km do centro de Puerto Varas, o ônibus de linha, por 2000 pesos, nos deixou exatamente na sua porta principal, logo na bilheteria, onde pagamos o ingresso de 1500 pesos chilenos. O trajeto é lindo, margeia o Lago Llanquihue e oferece uma natureza arrumadinha, cheia de montanhas brancas e horizontes verdes. O dia estava meio nublado, entretanto, e não muito propício a um passeio ao ar livre, mas, de qualquer modo, independentemente da época, o local é certamente uma boa opção de visita.

O Parque Nacional Vicente Pérez Rosales é o mais antigo do Chile, criado em 1926. Ele se localiza pertos das cidades de Puerto Varas e também de Puerto Montt (a maior da região), no sul do país, e se estende por uma superfície de 253.780 hectares, com altitudes que variam de 50 metros acima do nível do mar, às margens do Lago Llanquihue, até os 3441 metros, no topo do vulcão Tronador, já na fronteira com a Argentina. Pela sua diversidade natural, o parque é um dos destinos mais famosos do Chile e as belas paisagens não deixam mesmo a desejar. Ele é lindíssimo e um dos melhores que eu visitei em toda a América do Sul.

Há diversos caminhos e trilhas para se fazer a partir da entrada da reserva e um mapa é entregue para cada visitante. Cada trilha varia em extensão e grau de dificuldade e elas são divididas em recreativas, de interpretação e de excursão. A escolha é feita de acordo com o tempo disponível do turista e de sua vontade para caminhar ou dormir no parque. Dentre os passeios mais comuns, estão as trilhas: Saltos del Río Petrohué, Volcán Osorno y sus cráteres parásitos, o Lago Todos los Santos, o Valle del Río Puntiagudo, o Valle de Cayutúe e o Volcán Tronador. Dependendo da trilha, o visitante poderá encontrar alojamentos, campings ou até hotéis, como o Hotel Petrohué e o Hotel Peulla. Os percursos denominados “de excursão” costumam ser os mais longos e que demandam estadia de dias na área.

Parque Vicente Pérez Rosales

Parque Vicente Pérez Rosales

várias opções de trilhas

várias opções de trilhas

atividades no parque

atividades no parque

Convém verificar que não são todos os caminhos que podem ser feitos de maneira independente, pelos visitantes do parque. Os montanhistas que desejarem, por exemplo, subir o vulcão Osorno devem obrigatoriamente se registrar na Guardería de CONAF (serviço chileno de parques nacionais), no parque, e serem acompanhados de guias de agências especializadas e aqueles que forem fazer trilhas em qualquer outra montanha da área também necessitam consultar a guarda e fazer seu registro na administração do parque, situada em Petrohué. Já as trilhas mais curtas e que não incluem escaladas não têm nenhum tipo de exigência de acompanhamento ou registro; é só comprar o ingresso e ir… Nesse caso, a trilha dos Saltos de Petrohué é disparadamente a mais popular. Em passarelas e caminhos demarcados, fáceis de andar e bem sinalizados, as cachoeiras podem ser apreciadas em cerca de 40 minutos, ida e volta. No trajeto, há banheiros limpos, uma casinha que vende bolachas, salgadinhos e bebidas e uma barraquinha de artesanato.

início da trilha dos Saltos de Petrohué

início da trilha dos Saltos de Petrohué

trilha bem estruturada

trilha bem estruturada

Apesar do dia muito frio e da minha falta momentânea de motivação para passeios, a imagem dos Saltos de Petrohué é realmente tão linda que conquista qualquer espírito mais abatido e eu até me senti melhor. Um entrelaçar de quedas d’água vence um terreno bastante irregular de enormes rochas escarpadas e serpenteia as pedras vulcânicas escavadas pela lava, formando lagos grandes e pequenos de uma água profundamente azul; ao fundo, bosques verdes e o vulcão Osorno crescem, emoldurando a paisagem e, ao lado direito, o rio alimentado por todos os saltos se encorpa e mostra a violência de sua correnteza. A força da bela imagem não é sentida somente no olhar, mas no barulho potente das cachoeiras caindo no cânion; muito bonito! Foi só uma pena que o vulcão Osorno estivesse parcialmente encoberto por nuvens carregadas, mas foi maravilhoso mesmo assim.

rio Petrohué

rio Petrohué

Saltos de Petrohué

Saltos de Petrohué

Saltos de Petrohué

Saltos de Petrohué

Saltos de Petrohué num dia de sol (reprodução de foto da Internet)

Saltos de Petrohué num dia de sol (reprodução de foto da Internet)

vulcão Osorno

vulcão Osorno

Além das passarelas, há passeios de Jet-boat nas corredeiras do rio, para quem estiver disposto a se molhar. Como estava extremamente frio, nós nem pensamos duas vezes em dispensar a sugestão.

Nós ficamos ali por algum tempo, admirando o cenário e, junto com amigos feitos na véspera, continuamos caminhando pela trilha Carilemu até uma lagoa belíssima e pequenina, um espaço digno de filmes românticos. Esse trajeto também é sinalizado e, em certas partes, tem passarelas e pontes, mas, de um modo geral, ele é mais rústico do que o caminho dos saltos. Para chegar à essa pequena lagoa, andamos pela mata, sob árvores altas, pulando riachos e em trilhas barrentas e cheias de pedra. Mesmo assim, o trekking é bem tranquilo.

trilha

trilha

lagoa transparente no Vicente Pérez Rosales

lagoa transparente no Vicente Pérez Rosales

Chegamos logo depois ao rio, tiramos algumas fotos e voltamos à entrada principal do parque pelo mesmo caminho.

Parque Nacional Vicente Pérez Rosales

Parque Nacional Vicente Pérez Rosales

Parque Nacional Vicente Pérez Rosales

Parque Nacional Vicente Pérez Rosales

Parque Nacional Vicente Pérez Rosales

Parque Nacional Vicente Pérez Rosales

Outro percurso bem sossegado, sinalizado, curto e até indicado a portadores de deficiências é o da Laguna Verde, feito em cerca de 20 minutos a partir da entrada e que desemboca no lago de mesmo nome, de águas super verdes devido à presença de algas.

Em seguida, decidimos caminhar na estrada seis quilômetros até a Lagoa de Todos os Santos. O Lago de Todos os Santos ou Lago Esmeralda tem uma extensão de 175 km² e está inteiramente dentro dos limites do parque nacional. A 190 metros acima do nível do mar, ele recebe vários afluentes, como o rio Peulla que nasce das neves do vulcão Tronador, os rios Negro, Puntiagudo, Chileno e Cayutúe. É o escoamento de suas águas que forma o rio Petrohué e, consequentemente, os Saltos de Petrohué. Por ele, também se faz a travessia dos lagos até Bariloche, na Argentina. No horizonte, vemos a cordilheira cheia de picos nevados das montanhas e dos três vulcões: o Osorno, o Puntiagudo e o Tronador. Naquela tarde especificamente a cor da água não fazia jus ao nome, por causa da barreira das nuvens. De qualquer modo, o Lago Esmeralda estava formidável.

caminhando para a Lagoa Esmeralda

caminhando para a Lagoa Esmeralda

Lagoa de Todos os Santos

Lagoa de Todos os Santos

Nós também permanecemos ali durante algum tempo, conversando apesar do frio, comemos umas besteiras que eu tinha na mochila e voltamos dali mesmo de ônibus de linha. Estávamos de volta ao albergue às cinco e pouco da tarde.

Não chegamos a ir a Ensenada (46 km de Puerto Varas), outra localidade popular do parque, que fica às margens do Lago Llanquihue. O povoado também pode servir de base às atividades turísticas da área.

região de Puerto Varas (reprodução de imagem da Internet)

região de Puerto Varas (reprodução de imagem da Internet)

parque

parque

O povoado de Cochamo, ao sul de Ensenada e a 93 km de Puerto Varas, também chamado de Yosemite Chileno, é outro spot que ganha fama a cada ano e está sempre na lista dos montanhistas e trilheiros do mundo todo, por ser um vale cercado de montanhas de granito, aptas a escaladas radicais e bem verticais de até 1000 metros de altura.

Cochamo (reprodução de foto da Internet)

Cochamo (reprodução de foto da Internet)

Cochamo (reprodução de foto da Internet)

Cochamo (reprodução de foto da Internet)

No dia seguinte, o frio não dava trégua e uma garoa atrapalhava nossos planos. Decidimos, então, somente passear e conhecer a pequena Puerto Varas, de 33 mil habitantes. De colonização predominantemente alemã, sua arquitetura exibe chalés, hospedarias charmosas e muitas casinhas em estilo enxaimel. A cidade é mesmo uma gracinha! A imagem mais difundida é a da Iglesia del Sagrado Corazón de Jesus e seu telhadinho vermelho tendo ao fundo a belíssima paisagem do lago.

Igreja Sagrado Coração de Jesus

Igreja Sagrado Coração de Jesus

Puerto Varas

Puerto Varas

Puerto Varas

Puerto Varas

O Lago Llanquihue e a visão magnífica do vulcão Osorno são realmente o cartão postal de Puerto Varas. Na nossa visita, a montanha se escondia atrás de nuvens e o lago estava vazio e gelado. Ainda assim, o quadro era bonito, mas muito diferente do verão, quando as praias do Llanquihue se enchem de famílias em busca de diversão; e não é só de natureza que vive a cidade; bares, pubs e o famoso cassino garantem a festa em qualquer estação do ano.

Lago Llanquihue

Lago Llanquihue

Lago Llanquihue

Lago Llanquihue

Lago Llanquihue e vulcão Osorno escondido

Lago Llanquihue e vulcão Osorno escondido

Puerto Varas é, entretanto, um pouco cara para o turista, especialmente o mochileiro. Na verdade, eu já vinha achando a alimentação no Chile bem mais “salgada” do que a dos outros países sul-americanos. Na Venezuela, me lembrava de que o PF era generoso, farto… Vinha arroz, feijão, carne, batata, salada e em quantidades muito boas… Descendo, a Colômbia, Equador ou Peru, por exemplo, traziam o Prato Feito (ou menu executivo) acompanhado de sopa na entrada e as quantidades também não deixavam a gente passar fome. No Chile, contudo, pelo menos fora de Santiago, se a gente quisesse comer mais barato, tinha que passar apertado; os PFs funcionam assim: é um tipo de carne e apenas um “agregado”, isto é, um acompanhamento… Ou você escolhe comer carne com arroz e pronto, ou batata frita, ou salada… Um horror; comer melhor, só pagando bem mais caro.

De qualquer forma, eu já tinha mesmo escutado bastante que deveria preparar o bolso para o Chile, pois seria um país mais caro. Nós brasileiros não podemos reclamar muito, no entanto, já que viajar dentro do Brasil é muitas vezes mais dispendioso do que ir para o exterior. Pelo menos, o Chile é caro, mas é um país rico, bonito e saudável em todos os aspectos e de qualquer ângulo; litoral, interior, grandes ou pequenas cidades. É até engraçado verificar como os chilenos compreendem suas cidades… Puerto Varas, por exemplo, tem por volta de 30 mil habitantes e é considerada pequena. Puerto Montt tem 175 mil e já é “grande”. Cidades como Puerto Montt – do mesmo porte de Valdívia – seriam vistas no Brasil ainda como cidades pequenas (muito, aliás) e, nesse aspecto, os municípios de pequeno porte no nosso país não têm nada além de uma praça, uma igreja, casinhas modestas e ruas de terra. No Chile, cidades com 100 mil habitantes já são bem estruturadas, têm universidades e investem pesado em infraestrutura para o trabalho e o lazer. Olha, se é para pagar mais caro e ter a sensação de se estar em um país sério e comprometido com seu povo, por mim, tudo bem…

Bom, nós caminhamos bastante por Puerto varas, entramos em lojas e feirinhas de artesanato e compramos passagens de ônibus para os próximos destinos da viagem. Naquela cidade, Michael e eu nos separaríamos… Bem, em alguns momentos desse enorme relato, eu já deixara transparecer que tinha iniciado esse mochilão pelos motivos errados; momentos de estresse na minha vida pessoal e profissional tinham me impelido a largar tudo e viajar, algo que eu sempre amei fazer, mas que naquela ocasião, tinha tido esse “empurrãozinho” de lambuja. No estilo novela das Nove de “cancela todos os meus compromissos”, eu fui curar feridas andando pelo mundo; foi mais uma fuga, confesso. Entretanto, os benefícios da viagem foram inegavelmente melhores do que qualquer medicamento de tarja preta. Eu me sentia bem mais confiante e menos triste. Entretanto, como os motivos da partida já tinham sido equivocados, eu ainda experimentava uma sensação de vazio e a intensa “rotina” de tours, passeios e pula-pula de um lugar pra outro já tinham me cansado há uns dois meses, pelo menos. Eu simplesmente queria voltar pra casa… Viajar é ótimo, mas quando se vai com problemas, eles não ficam em casa, mas te acompanham… A viagem é sim meio caminho andado no sentido de uma melhora real, mas ela não é tudo e, então, eu ainda me sentia cansada, carente de mãe, da comida brasileira, da minha família, do meu cachorro… Ainda em Pucon, mais ao norte do Chile, eu tinha visto que o roteiro do Michael seguiria mais uns três meses! Incapaz de continuar por tanto tempo, pesquisei o melhor e mais barato roteiro para retornar ao Brasil e escolhi partir de Puerto Varas para Bariloche, na Argentina, e de lá retornar de avião para São Paulo. Confesso que uma sensação ruim de desistência me afetou e me senti traidora por largar meu companheiro Michael na mão. Contudo, a viagem era mesmo dele; antes de me conhecer, seu roteiro perfeito já estava prontinho e ele nem contava com uma “seguidora” por cinco meses. Foi ele quem me aceitou… Assim, me conformei e fiz os arranjos necessários. Aquele era o momento certo de parar, pois tudo já tinha virado obrigação para mim e quando as férias cansam algo não está correto. Não me arrependo e hoje, muito mais forte, já parti para outros destinos, só que pelos motivos certos, ou seja, a simples vontade de conhecer o desconhecido. Quando se vai assim, voltar é bom, mas sempre fica um gosto de quero mais e a gente não se cansa da viagem!

Enfim, Michael ainda seguiria por toda a Carretera Austral do Chile, entraria na Argentina, desceria até o Ushuaia e dali subiria, voltando ao Brasil por Foz do Iguaçu. Ele terminou a viagem e retornou a Sampa somente em 21 de dezembro. Eu o admiro… E continuamos amigos, ainda bem.

Finalmente, depois de comprar passagens de ônibus, voltamos ao albergue. Eu arrumaria minhas coisas e iria para Bariloche na manhã seguinte…

Só para constar, cito outros parques da região de Puerto Varas, cujas flora e fauna são semelhantes ao Vicente Pérez Rosales. São eles: Parque Nacional Alerce Andino, Reserva Nacional Llanquihue, Parque Nacional Puyehue (acima do Vicente Rosales) e o Parque e Reserva Nacional Nahuel Huapi, já na Argentina. As atrações são parecidas e os adeptos do ecoturismo podem se fartar. Claro que cada um deles conserva paisagens peculiares e igualmente lindas, mas o que quero dizer é que, no fim das contas, são todos parques…

parques da região (reprodução de imagem da Internet)

parques da região (reprodução de imagem da Internet)

Os cinco dias que o roteiro do Michael tinha reservado a Puerto Varas eram justamente para cobrir outros parques. Porém, como eles eram meio parecidos, como comentei, e Michael ainda teria uma “overdose” de natureza em Torres del Paine, um dos parques mais belos e famosos do país, ao sul da Patagônia Chilena, nós desistimos de visitar mais reservas naturais nas imediações de Puerto Varas e seguimos logo adiante.

Da mesma forma, por preguiça, acabamos não indo ao Cerro Philippi, pequeno parque situado em uma colina da cidade, de onde é possível ter uma vista de toda Puerto Varas, com o lago e o Osorno. Nele, a mata espessa e bosques convidativos dão sombra a trilhas bem demarcadas, nas quais os moradores fazem corridas ou andam de bicicleta. O acesso de automóveis é fácil…

mapa Puerto Varas (reprodução de imagem da Internet)

mapa Puerto Varas (reprodução de imagem da Internet)

Por último, também desistimos do Monumento Natural Lahuen Ñadi. Esse é o único parque que, de fato, traz uma característica bastante diferente, que pode valer a visita… Criado em 2000, essa reserva natural se propõe a preservar espécies da flora e fauna da região, em especial os bosques de alerces – o chamado Cipreste da Patagônia – com árvores milenares que chegam a 60 metros de altura. Ele é mais próximo de Puerto Varas do que o Parque Alerce Andino, que também abriga florestas semelhantes.

Então, em 4 de outubro, eu me preparava para voltar ao Brasil, depois de praticamente cinco meses viajando pela América do Sul. Levantamos cedo, tomamos café e Michael me ajudou a descer com as mochilas; eu levaria as minhas mochilas e mais o “morto”, mala lotada de compras que nós carregávamos em dois, parecendo um caixão. Como o transporte para o Brasil tinha ficado muito mais caro do que os objetos que nós tínhamos comprado, decidimos amargar a união com o peso extra e vínhamos trazendo o morto desde o Equador. Agora, eu o levaria embora e, eventualmente, entregaria as compras do Michael no nosso próximo encontro. Com sincera melancolia no coração, nos despedimos e um táxi me levou até o terminal de ônibus, na verdade a garagem da companhia AC/ TAS-CHOAPA, empresa que faz a rota internacional, já que cruzaríamos a fronteira para a Argentina.

A passagem de Puerto Varas a Bariloche tinha custado 10300 pesos chilenos. Peguei o ônibus às 9h00min e comecei a ver um filminho na minha cabeça de tudo que eu já tinha vivido na viagem… Estava saindo do Chile e a caminho da minha última cidade antes de retornar a São Paulo…

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